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Max Maciel: “Hip hop é cultura, geração de renda e oportunidade para jovens realizarem sonhos”

Publicado em CB.Poder, Eixo Capital, GDF

À queima-roupa com Max Maciel, deputado distrital pelo PSOL

“A cultura pode ser transformadora na vida de uma pessoa, porque ela amplia o seu campo de visão e a faz compreender o mundo de uma maneira mais crítica”

Por Ana Maria Campos

O que significa tornar o hip hop patrimônio do DF?

Tornar o hip hop patrimônio cultural imaterial é reconhecer a importância dessa manifestação cultural para o Distrito Federal, é garantir a sua preservação, é fazer com que o Poder Público crie mecanismos para a sua valorização e meios para que artistas do hip hop expressem a sua arte.

Qual a importância desse movimento cultural?

O hip hop é o break, o graffiti, o DJ e o MC. São expressões artísticas que juntas constituem a cultura hip hop. É um movimento que existe no mundo todo e completa 50 anos em 2023. E que tem dado importantes passos ao longo do tempo. O break é esporte olímpico. O graffiti está presente em galerias internacionais. O DJ é reconhecido como profissão há vários anos. E os MCs têm ganhado os palcos do mundo. Só no Distrito Federal são mais de 50 batalhas de rima acontecendo em várias cidades. Às vezes é a única atração cultural que tem na região. O hip hop é geração de renda, é cultura e a oportunidade que muitos jovens encontram para realizarem os seus sonhos.

Que importância o hip hop teve na sua vida?

Foi nas letras do GOG e X Câmbio Negro que expandi a consciência e passei a entender a realidade em que eu vivia e a compreender a origem de Ceilândia, cidade fruto de uma erradicação de invasões, na qual eu nasci, me criei e constituí minha família. Foi no hip hop que comecei a minha militância e tive a oportunidade de cantar rap.
A cultura hip hop foi fundamental
para a minha formação.

Como o movimento pode transformar outras vidas?

O hip hop pode ser o primeiro contato de um jovem com a cultura. Pode ser o primeiro contato que ele vai ter com a dança, com a música e com a arte. A cultura pode ser transformadora na vida de uma pessoa, porque ela amplia o seu campo de visão e a faz compreender o mundo de uma maneira mais crítica. Faz com que ela olhe para a sua realidade a partir de uma outra perspectiva e pode ser a chave que a faça abrir novas portas. A arte liberta e com a cultura hip hop não é diferente.

Quais são os principais expoentes do hip hop na sua opinião?

Temos muitos expoentes na cultura hip hop. Vou citar só alguns do Distrito Federal. No break temos o bboy Tyson, Papel, FabGirl, entre outros. No graffiti temos o Turko, Rivas, o coletivo RisoFloras, Toys Daniel, entre outros. Nas picapes temos o DJ Ocimar, Dog Daia, Jean C, DJ J4K3, Donna, Janna, Itin do Brasil, entre outros. E de MCs temos o Japão Viela 17, X Câmbio Negro, Tribo da Periferia, Atitude Feminina, BellaDona, Aqualtune, Lara Lys, Murica, Lyndon, Hate Rct, o Rach, o Kliff Afrik, o Nenzin MC, a Fugazzi, etc. São muitos os artistas e as artistas que amam e fazem esse movimento continuar sempre
combativo e atuante.

A lei de sua autoria que transforma o hip hop patrimônio cultural do DF vai ajudar a fortalecer o movimento?

Com certeza. A lei também institui a criação da Semana Distrital do Hip Hop e assegura a realização dessas atividades no território do DF, preferencialmente na segunda semana do mês de novembro, em convergência com o Dia Mundial do Hip Hop, celebrado no dia 12 de novembro. Além de prever que as escolas de rede pública de ensino e as unidades de internação de menores infratores realizem atividades sobre a cultura hip hop, tais como oficinas, debates e aulas temáticas.