Ex-senador Luiz Estevão vira réu em ação de improbidade

Compartilhe

O ex-senador Luiz Estevão virou réu em uma ação de improbidade administrativa. Ele é acusado de pagar por reformas e melhorias na ala da Papuda onde está preso. A petição inicial, apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal há um ano, foi recebida pela 1ª Vara da Fazenda Pública na última terça-feira.  O ex-subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe) Cláudio de Moura Magalhães; o ex-coordenador-geral da Sesipe João Helder Ramos Feitosa; e o ex-diretor do Centro de Detenções Provisórias Murilo José Juliano da Cunha também viraram réus da mesma ação de improbidade.

De acordo com a ação do MP, Estevão pagou para ter regalias na prisão. As celas reformadas pelo ex-senador são maiores, com vasos sanitários, chuveiro elétrico, televisão com tela plana, antena parabólica e ventilador de teto. Estevão cumpre pena em um espaço especial. No prédio, estão localizadas as alas de vulneráveis, de ex-policiais e de presos federais. Durante investigação do Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional, os promotores estranharam a diferença de tratamento nos blocos. Não há nenhum registro oficial da obra, que levou mais de seis meses.

Em depoimento ao Ministério Público, o ex-senador Luiz Estevão confirmou ter promovido a reforma. Ele disse que atendeu ao pedido do ex-ministro de Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu em 2014. Segundo o depoimento, Bastos estava preocupado com o destino dos seus clientes do Mensalão. Para o Ministério Público, a forma como foi realizada a obra teve o intuito deliberado de ocultar seus verdadeiros propósitos. Para evitar o rastreamento dos responsáveis pela empreitada, Estevão teria usado uma empresa fantasma, sem sede própria ou funcionários, com endereço falso. Segundo a investigação, essa manobra tentou evitar qualquer associação ao ex-senador.

Irregularidades

A juíza Cristiana Torres Gonzaga, da 1ª Vara da Fazenda Pública, entendeu que “são razoáveis os indícios de irregularidades no tratamento dispensado ao requerido (Estevã0), inclusive a permissão de que a reforma fosse realizada para assegurar-lhe esse tratamento diversificado dentro do complexo penitenciário”. Ainda segundo a magistrada, “a dúvida que justifica o avanço da  ação reside na aplicação dos recursos que, segundo a defesa, foram doados, exclusivamente, para as obras de melhoria no espaço destinado ao acolhimento do requerido”.

Para Cristiana Gonzaga, “se houve doação de recursos e a reforma era necessária em todos os blocos, em princípio revela-se necessário o avanço do processo para que se observe o atendimento dos princípios que devem pautar a atividade administrativa”. A juíza lembrou que, mesmo sem  prejuízo ao erário ou enriquecimento indevido dos envolvidos no escândalo, “há que se considerar o possível ato de improbidade violador dos princípios que regem a atuação administrativa, o que justifica o seguimento da ação”.

Durante a ação, a defesa de Luiz Estevão negou “a existência de justa causa para a ação de improbidade porque não há enquadramento dos fatos em qualquer das hipóteses previstas na Lei de Improbidade Administrativa, tendo em vista não haver ofensa ao erário público ou ofensa a procedimento licitatório”. Os advogados do ex-senador argumentaram ainda que “deveria o Estado envidar esforços para assegurar aos demais detentos as mesmas condições verificadas na ala de presos vulneráveis”.

Os ex-diretores do sistema penitenciário e do CDP também alegaram que os fatos não se enquadram nas hipóteses previstas na Lei de Improbidade Administrativa, “dado o enquadramento dos fatos em uma simples doação regulada pelo Código Civil”. Eles argumentam que a reforma no prédio era uma demanda antiga para a acomodação dos presos vulneráveis e que a Vara de Execuções Penais e o próprio Ministério Público sempre tiveram conhecimento da reforma.

Helena Mader

Repórter do Correio desde 2004. Estudou jornalismo na UnB e na Université Stendhal Grenoble III, na França, e tem especialização em Novas Mídias pelo Uniceub.

Posts recentes

  • Eixo Capital

Coronel da PM do DF minimizou risco em reunião antes do 8/1

Coluna Eixo Capital, publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) Um…

21 horas atrás
  • Eixo Capital

Coronel minimizou risco em reunião antes do 8/1

Coluna Eixo Capital publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni  Um áudio…

1 dia atrás
  • CB.Poder

Bug em app foi decisivo para PF obter detalhes do plano de golpe

Da Coluna Eixo Capital, por Pablo Giovanni (interino) Um relatório da Polícia Federal, que levou…

2 dias atrás
  • CB.Poder

Moraes ameaça multar presidente da CPI do 8/1 em R$ 50 mil

Texto de Pablo Giovanni publicado na coluna Eixo Capital nesta terça-feira (19/11) — O ministro…

3 dias atrás
  • CB.Poder

PF acessa celular de homem-bomba e apreende telefone de ex-companheira

Coluna publicada neste domingo (17/11) por Ana Maria Campos e Pablo Giovanni — A Polícia…

5 dias atrás
  • CB.Poder
  • Eixo Capital
  • Eleições
  • Notícias

Por determinação da Comissão Eleitoral da OAB-DF, Cleber Lopes se retrata, mas mantém promessa de isentar a anuidade de jovens advogados

ANA MARIA CAMPOS O colegiado da Comissão Eleitoral da OAB se reuniu na noite desta…

6 dias atrás