Julgamento de delegada do caso da 113 sul é suspenso
Bruno Lima
O julgamento da ex-delegada Martha Vargas, responsável pela primeira parte da investigação sobre o triplo homicídio da 113 Sul, foi suspenso na tarde desta quinta-feira (8/3) pelo pedido de vista do desembargador Jair Soares. No entanto, o relator do processo, Silvânio Barbosa, pediu a condenação de Martha a 16 anos e 12 dias de prisão. O revisor, João Timóteo, acompanhou o relator.
Martha Vargas já havia sido condenada a 16 anos de prisão em agosto de 2016 por falsidade ideológica, fraude processual e tortura. Ela é acusada de ter manipulado provas para incriminar inocentes, além de compartilhar o andamento das investigações com a vidente Rosa Maria Jaques.
No início do julgamento, a procuradora de Justiça Marta Resende pediu o aumento da pena argumentando que, no caso de fraude processual, a delegada infringiu a lei pelo menos quatro vezes durante as investigações. Além de ter levado a vidente ao local do crime, Martha teria mandado um e-mail para a mulher, além de ter telefonado para ela outras duas vezes. “O repasse de informações, passadas ao longo de oito meses de investigação, não eram a mesma informação. A cada passo era uma informação diferente”, argumentou. Da mesma forma, a procuradora solicitou aumento de pena por tortura por ter sido praticada várias vezes, de formas diferentes, em vítimas diferentes.
Martha esteve à frente da investigação dos assassinatos do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Vilela, de sua esposa, Maria Vilela, e da empregada da casa, Francisca Nascimento da Silva, em 2009. Os corpos foram encontrados no apartamento do casal com mais de 70 facadas.
A investigação de Martha Vargas indicou que Rami Jalal Ali Kalout e Alex Peterson Carvalho Soares eram os autores do crime. Uma suposta ligação anônima teria indicado a autoria. No entanto, a delegada chegou aos homens por meio da indicação de Rosa Maria Jaques.
Segundo o relator, Silvânio Barbosa, os dois homens só foram presos porque a delegada omitiu a informação de que havia chegado a eles por meio da vidente. “Se no pedido de prisão, a ré tivesse revelado que quem havia indicado o local onde estava os homens era uma vidente, qual autoridade judicial iria autorizar o pedido de prisão?”, questionou.
De acordo com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), a equipe da delegada colocou as chaves do apartamento dos Villela, na casa de Alex Peterson Carvalho Soares, para incriminá-lo. Rami Jalal Ali Kalout também foi apontado pela delegada como participante do crime. Os dois teriam sido torturados na delegacia durante dois dias para confessarem a autoria.
Após apuração interna, Martha foi afastada do caso, que passou às mãos da delegada Mabel de Farias. Sob nova condução, as investigações apontaram que os homicídios foram executados pelo ex-porteiro do prédio onde moravam os Vilila, Leonardo Campos Alves, com a ajuda de Francisco Mairlon Barros Aguiar. Eles foram condenados, respectivamente a 53 anos e 4 meses e 47 anos e um mês de prisão. A Polícia Civil e o Ministério Público também concluíram que os assassinos foram contratados pela filha do casal, Adriana Villela. Ela nega as acusações e aguarda o julgamento em liberdade.
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