Eixo Capital publicado em 1º de janeiro de 2025, por Ana Maria Campos
Provável candidato ao Senado, o governador Ibaneis Rocha (MDB) tem procurado se desconectar dos dois polos antagônicos da política nacional. Tem sido um duro crítico do presidente Lula, cujo mandato chamou de “preguiçoso” em entrevista ao jornal O Globo, mas também não defende as teses bolsonaristas a favor de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de anistia para golpistas envolvidos nos episódios do 8 de janeiro de 2023. Ibaneis parece apostar no surgimento de um candidato presidencial de direita fora do espectro bolsonarista que se afaste de temas relacionados à pauta de ataques à democracia. Se surgir um nome forte nessa linha, ótimo para Ibaneis. Caso contrário, ele deverá apenas construir uma frente com capacidade, neste momento, de disputar uma vaga no Senado.
Estrutura
Importante lembrar que uma eleição não é feita apenas com partidos e cabos eleitorais. O apoio do fundo partidário é fundamental, mas estrutura de campanha conta muito na hora de fechar alianças. Ibaneis Rocha conta com estrutura, recursos próprios e a máquina administrativa.
A chapa Bolsonarista
No Distrito Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem três políticas próximas e de sua confiança: a vice-governadora Celina Leão (PP), a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Além da boa relação, uma aliança entre elas une três partidos da base bolsonarista: PP, PL e Republicanos. Além das três, uma provável candidata é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Como Damares não precisa se candidatar, já que tem mandato até 2030, Celina, na disputa ao Palácio do Buriti, pode ter um representante do Republicanos como vice.
Eleição para o Senado pode ser a mais concorrida
A eleição de 2026 para o Senado é a mais embolada, e pode piorar. Hoje há possíveis candidaturas fortes, como as de Ibaneis Rocha (MDB), Michelle Bolsonaro (PL), Bia Kicis (PL), Erika Kokay (PT) e Leila Barros (PDT). Mas ainda podem surgir outros nomes consagrados em outras eleições, como José Antônio Reguffe (sem partido) ou Cristovam Buarque (Cidadania). Mesmo com duas vagas abertas na próxima eleição, o jogo será bruto.
Em comum
Na esquerda, ou oposição a Ibaneis, dois nomes são apontados como os mais prováveis candidato ao Palácio do Buriti e ambos estão conectados com o sucesso ou fracasso do governo Lula: o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass (PV). Em comum, os dois têm oportunidade de mostrar serviço ao eleitor no governo Lula e não são petistas do DF.
“Arrogância” dos adversários
Ricardo Cappelli tem se mostrado competente e ativo nas redes sociais, campo conquistado pelos bolsonaristas. Comenta notícias, rebate críticas ao governo Lula e ataca adversários. Ele foi um dos poucos que retrucou o comentário do governador Ibaneis Rocha sobre a “preguiça” do presidente Lula em fazer política. “Arrogância ilimitada”, disse.
30 anos depois
Há exatos 30 anos, em 1995, começava no Distrito Federal o chamado — por seus integrantes— Governo Democrático e Popular, sob o comando do então petista Cristovam Buarque. Foi uma gestão em que surgiram programas como Bolsa-Escola, Poupança Escola, Orçamento Participativo, Saúde em Casa, entre outros. Aficcionado pelas salas de aula, Cristovam tinha boas intenções e sofreu uma oposição ferrenha na Câmara Legislativa e também o fogo amigo de aliados do PT e do Sindicato dos Professores. Não se reelegeu. Nunca mais quis concorrer ao GDF.
10 anos depois
Há 10 anos, em primeiro de janeiro de 2015, tomava posse no Palácio do Buriti outro político de esquerda, Rodrigo Rollemberg (PSB). Ele entrou em momento de grave crise financeira, reestruturou as contas públicas e foi bombardeado por sindicatos, especialmente o da Polícia Civil. Também não se reelegeu e não quis mais disputar eleições ao Executivo local.