ANA MARIA CAMPOS
Investigado na segunda etapa da Operação Panoptes, o delegado aposentado Mário Gomes da Nóbrega foi exonerado do cargo de secretário parlamentar do bloco Solidariedade e Trabalho na Câmara Legislativa.
O ato saiu publicado na edição de hoje (31/10) do Diário da Câmara, um dia depois de ele ser levado por policiais civis para prestar depoimento em condução coercitiva à equipe da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), pela ligação com o líder da Máfia dos Concursos, Hélio Ortiz.
A investigação mostrou que os dois mantiveram contato durante a fase em que a Câmara Legislativa escolhia a empresa responsável pelo próximo concurso. Na época, Mário Gomes era chefe da Polícia Legislativa da Câmara. Desse cargo, ele foi exonerado em 27 de janeiro, com a eleição da atual composição da Mesa Diretora.
Desde então, ele estava ocupando o cargo no bloco parlamentar formado pelos deputados Joe Valle (PDT), Reginaldo Veras (PDT), Israel Batista (PV) e Chico Leite (Rede), num acordo de divisão de cargos.
O delegado aposentado, que hoje é advogado, é amigo de Ortiz há anos e manteve parceria com ele em rinhas de galo. Candidato a deputado distrital em 2010, ele foi o responsável, em 2004, pelo inquérito policial na 27ª DP, do Recanto das Emas, que levou à condenação do ex-deputado Carlos Xavier a 19 anos de prisão pela morte de um adolescente de 16 anos.
No cargo que vinha exercendo, Mário Gomes tinha uma gratificação SP-01 (secretário parlamentar) no valor de R$ 1051,13. Como mostrou a coluna Eixo Capital hoje, a permanência dele na Câmara foi abalada pelo receio de membros da Casa de causar suspeição e impedir a liberação do concurso que está suspenso por determinação do Tribunal de Contas do DF.