“Estamos penando há 10 anos”, diz delegado Miguel Lucena sobre reajuste da Polícia Civil

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Por Ana Maria Campos – À queima-roupa – Delegado Miguel Lucena, da Polícia Civil do DF

“Estamos penando há 10 anos. Perdemos a paridade em 2017, nos governos Rollemberg e Temer, e passamos os últimos 4 anos com 8%, porque o governo Bolsonaro nem chegou a examinar as propostas encaminhadas pelo governador Ibaneis”

Você diz que a Polícia Civil do DF carrega uma cruz pelo reajuste que aguarda há anos. Pode explicar?

A negociação com dois patrões aumenta muito o nível de dificuldade para se chegar a um acordo. Os sindicatos e associações montam campanas nas sedes de dois poderes, Executivo e Legislativo, e algumas vezes um governo não concorda com o outro, aparece um deputado de outro estado questionando, e a Polícia Civil do DF, por exemplo, que já foi a mais bem paga do país, vai ficando para trás, hoje, ocupando a 21ª posição, abaixo de Piauí e Goiás, por exemplo.

Há mais de 20 anos na Polícia Civil, você já viu um reajuste mais difícil de sair?

Estamos penando há 10 anos. Perdemos a paridade em 2017, nos governos Rollemberg e Temer, e passamos os últimos 4 anos com 8%, porque o Governo Bolsonaro nem chegou a examinar as propostas encaminhadas pelo governador Ibaneis. Tomara que agora o acordo seja cumprido.

A Polícia Civil do DF tem dois patrões, o governo local e o federal. Está rolando um jogo de empurra há vários anos?

O problema de ter dois patrões é que um manda e o outro paga. É preciso definir se a segurança pública fica de vez no governo federal, emprestada ao GDF, ou se o governador do DF ganha autonomia para gerir o Fundo Constitucional e conceder os reajustes que entender necessários, sem estar pedindo favores ao presidente da República.

O que acontece com a segurança pública se houver alteração na variação anual do Fundo Constitucional?

Se houver o congelamento do Fundo Constitucional, as forças policiais não conseguirão nos próximos anos mais reajustes que cubram a inflação. Se é difícil agora, com esse sofrimento todo, imagine depois.

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