Eric Seba faz mudanças na Polícia Civil para tentar manter autoridade

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O Diário Oficial do DF de hoje (21/10) traz à tona uma guerra travada dentro da Polícia Civil como reflexo da crise na segurança pública do DF.

Depois de mais de dois meses de campanha salarial sem um acordo, policiais civis se dividiram entre os que ainda apoiam a atual direção-geral e os que defenden uma posição mais contundente contra o governo de Rodrigo Rollemberg.

Nesse embate, o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, está cada vez mais isolado. No início da semana, quatro coordenadores regionais de delegacias circunscricionais elaboraram um documento em que se recusaram a acatar a determinação de reabertura de delegacias, alegando falta de estrutura para cumprir a ordem do diretor-geral. Foi uma clara reação ao comando de Eric Seba.

O movimento não foi para frente. Mas o diretor-geral não gostou. Apontado por colegas como dócil demais e sem autoridade, ele decidiu reagir. Em entrevista ao programa CB.Poder, na última terça-feira (18/10), Seba chegou a dizer que muita gente na Polícia Civil o considera um “frouxo”. Disse também que alguns colegas estariam agindo como “urubus” para se aproveitarem politicamente dos reflexos da crise.

A reação de Eric Seba apareceu hoje.

No Diário Oficial do DF, há mudanças em cargos estratégicos que não devem parar por aí. O objetivo é tentar conter a atuação de delegados que se negam a reabrir as delegacias fora do expediente de sete horas e buscam radicalizar o movimento pela paridade dos salários da Polícia Civil do DF com a Polícia Federal.

A mudança de maior impacto ocorreu na direção do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), que coordena todas as 34 delegacias espalhadas pelo Distrito Federal. O delegado Josué Ribeiro da Silva pediu para deixar o cargo. Será substituído pelo delegado Jeferson Lisboa, chefe da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf).

Eric Seba deve anunciar ainda a extinção das quatro coordenações vinculadas ao DPC, com a exoneração dos delegados Adval Cardoso de Matos, Erico Vinicius Mendes, Mário Henrique Garcia Jorge e Márcio Araújo Salgado.

Sem clima para permanecer à frente do DPC, Josué vai assumir uma assessoria na direção-geral. Ele também defende melhores condições de trabalho para a reabertura das delegacias e apóia a paridade com a PF.

Eric aproveitou essa mudança para tirar de cargos de chefia delegados que, na opinião dele, têm trombado com a sua administração.

Exonerou, assim, por exemplo, Flávio Messina, da 17ª DP, em Taguatinga Norte, e Moisés Martins, da 32ª DP, em Samambaia. Os dois delegados concorreram em disputas para a formação de lista para a direção-geral da Polícia Civil e têm participado ativamente das assembleias em defesa do aumento para a categoria.

CATEGORIA MAIS INFLAMADA

A tentativa de Eric Seba de impor autoridade na Polícia Civil inflamou ainda mais os ânimos. Em solidariedade aos exonerados hoje, vários delegados decidiram também entregar os cargos ao diretor-geral. Desde o início da manhã, houve reuniões em que delegados reclamam das mudanças.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Rodrigo Franco, o Gaúcho, divulgou nota em que critica a exoneração dos sete delegados e ataca Eric Seba: “A ação, encabeçada e endossada pelo fiel escudeiro de Rollemberg na Polícia Civil do DF, Eric Seba, desmoraliza o Sindicato dos Delegados do DF e tem o claro objetivo de desmobilizar as ações dos policiais civis em busca da manutenção da paridade com os policiais federais na recomposição salarial”.

Na nota, Gaúcho exige o posicionamento do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo), em apoio aos delegados que perderam os cargos. “Os delegados exonerados fazem parte de um grupo de vários outros delegados que têm uma postura mais enérgica e de cobrança da falta de efetivo e de impossibilidade de continuar trabalhando na ilegalidade”.

O embate entre delegados ocorre num momento de disputa sindical. Em 9 de novemnbro, ocorrerá a eleição da nova diretoria do Sindepo. O resultado desse embate pode definir os rumos do movimento da Polícia Civil pela paridade e a força da pressão pela substituição de Eric Seba.

As três chapas defendem o reajuste e batem no governo Rollemberg, mas há diferenças em relação à hostilidade a Eric Seba.

Até o momento, Rodrigo Rollemberg tem sustentado a permanência do atual diretor-geral. Ele, no entanto, cobra o fim da radicalização do movimento. Essa é uma missão cada vez mais difícil para o diretor-geral, ja que a categoria está unida no propósito de brigar pelo reajuste nos mesmos patamares que o Congresso deve aprovar para a Polícia Federal.

A reação a Rollemberg na categoria é cada vez maior, principalmente depois que o governo retirou a proposta de dividir o aumento de 37%, mesmo em quatro anos, alegando dificuldades financeiras. Apesar da crise, o GDF manteve o reajuste, em outubro, do auxílio-moradia de policiais e bombeiros militares. O argumento foi de que será pago com recursos do Fundo Constitucional do DF e já estava previsto pelo governo anterior.

As decisões de Rollemberg de prestigiar a PM e de encerrar a negociação com a Polícia Civil dificultam uma solução que encerre os conflitos internos contra Seba, apontado como uma pessoa da confiança do governador.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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Ana Maria Campos
Tags: Eric Seba mudancas paridade Polícia Civil do DF segurança sindepo sinpol

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