ANA VIRIATO
Em visita à Caixa Econômica, no início da noite desta terça-feira (06/11), o governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) ouviu quatro soluções apresentadas pela instituição para resolver o imbróglio em torno do Centro Administrativo de Brasília (Centrad). Entre as discussões, o emedebista indicou preferência pela opção de compra do imóvel.
Responsáveis pelo financiamento do espaço por meio de empréstimo ao consórcio executor, formado por Via Engenharia e Odebrecht, a Caixa e o Santander investiram, juntos, R$ 1,140 bilhão no projeto. “Negociaremos a redução dos juros para que esses valores diminuam, além de um financiamento que não comprometa tanto o orçamento do DF. Quero igualar as parcelas ao que pagamos de aluguel de espaços, equivalente a cerca de R$ 60 milhões ao ano, e ainda pretendo conquistar uma carência,”, adiantou o governador eleito.
Ibaneis, no entanto, reconhece que o plano teria de ser discutido em diversos âmbitos. Além disso, o governo precisaria do aval da Justiça para realizar o negócio. “A partir de agora, nossa área técnica vai desenvolver, junto à área técnica da Caixa Econômica, uma proposta para apresentarmos aos órgãos de controle, ao poder Judiciário e ao Ministério Público, tendo em vista que a questão está judicializada”, pontuou.
As opções foram abordadas com o presidente da Caixa Econômica, Nelson Antônio de Souza, e diretores da instituição. Caso a proposta surta efeito, o emedebista pretende transferir parte da administração pública para o imóvel e usar um dos prédios para fundar a Universidade Pública Distrital.
O Centrad foi inaugurado em 31 de dezembro de 2014, último dia da gestão de Agnelo Queiroz (PT), mas, em fevereiro de 2015, a Justiça cassou o habite-se concedido pela Administração Regional de Taguatinga no governo anterior. A alegação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), acatada pela Vara de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, foi a de que não houve o cumprimento de todos os pré-requisitos legais.
De acordo com delações premiadas prestadas no âmbito da Lava-Jato e homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e o então número dois do Palácio do Buriti, Tadeu Filippelli (MDB), receberam propina a cada fase das obras. Os ex-governantes negam as irregularidades.
Antes de encontrar representantes da Caixa Econômica, Ibaneis Rocha conversou com o vice-presidente de Governo do Banco do Brasil, José Eduardo Pereira. O emedebista buscou se inteirar, por exemplo, do investimento de R$ 100 milhões da instituição no Anel Viário Norte e tratou da captação de novos recursos. Conversou também a respeito do valor de R$ 1 bilhão que o BB pretende alocar no setor local de Tecnologia da Informação.
Ibaneis abordou, ainda, aspectos que impedem o setor produtivo do DF de utilizar 100% dos recursos destinados à capital pelo Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Um dos problemas enfrentados pelo empresariado para conquistar os créditos desse caixa decorre da falta de titularidade de terras onde funcionam os negócios ou da possibilidade de entregar terrenos de moradia como garantia. “Pretendemos trazer servidores da Procuradoria do DF e da Terracap para discutir saídas jurídicas viáveis e rápidas. Hoje, Brasília devolve de 25% a 30% do que capta”, observou.
À tarde, Ibaneis também reuniu-se com o presidente da Inframerica, Jorge Arruda, que embarcou ontem para a Argentina para tratar do orçamento da operadora aeroportuária para 2019. O objetivo é captar recursos para a construção de um aeroporto de cargas no DF.
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