Chama a atenção que na única unidade da federação do país com uma mulher no comando da Secretaria de Segurança Pública o edital do concurso do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal incluísse uma exigência tão constrangedora. Para entrar na corporação, as candidatas precisariam se submeter a Teste de Papanicolau ou apresentar atestado de virgindade, para dispensá-lo. Na prática, as futuras bombeiras já entrariam marcadas. Quem não comprovasse que possuía o “hímen íntegro”, como constava do edital, estaria automaticamente no grupo de quem já iniciou a vida sexual. Muito invasivo, mesmo nos tempos atuais, para uma ficha profissional. O Corpo de Bombeiros sustenta que se tratava apenas de um exame para avaliar o estado de capacidade física e a saúde da candidata. Os concorrentes do sexo masculino, no entanto, não precisavam de se submeter a exame de HPV, um dos principais diagnósticos do Papanicolau.
Laudo ginecológico
Depois da polêmica, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) determinou que o comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Hamilton Santos, revisse o edital. Mesmo assim, as candidatas precisam apresentar um laudo médico que comprove que não possuem, por exemplo, doenças inflamatórias pélvicas, cistos ovarianos complexos ou lesões uterinas.
Só nos Bombeiros
Esse tipo de exame não é exigido na Polícia Militar do DF, tampouco na Polícia Civil, as outras forças de segurança pública.
Só rindo…
A exigência de teste de virgindade em concurso da Polícia Militar da Bahia, anos atrás, causou tanta polêmica que até virou poema de cordel. O autor é o delegado Miguel Lucena, chefe da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF, que assina Miguezim de Princesa. Veja um trecho de “A Perereca da Polícia Baiana”:
“Não bastassem a violência
“Soltam no Porto da Barra
A pergunta que não cala:
Pra que vale a virgindade,
Na rua, no mato ou na sala?
Será que é para ter mais força
Quando disparar a bala?”