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“Desunião DF”: quem vai vencer o embate?

Publicado em Eixo Capital

Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

União Brasil é o nome do novo partido que surge com a fusão do DEM e PSL, sacramentada ontem (6/10). Mas, em âmbito local, deveria ser Desunião DF. Há uma queda de braço entre dois grupos pela presidência regional. De um lado, o presidente do DEM-DF, Alberto Fraga, e o deputado federal Luis Miranda. De outro, o advogado Manoel Arruda, que comanda o PSL-DF, por indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Quem vencer a parada definirá os rumos da nova legenda no DF nas eleições de 2022.

Caiado até tentou…
Fraga pediu a intervenção do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM, para manter a presidência do partido. Mas o presidente nacional da nova legenda, Luciano Bivar, conta como certo manter o DF nas mãos de dirigentes do PSL. Eles deixam claro: o DEM já ficou com Goiás e não terá o DF.

Com ou sem votos
Alberto Fraga e Luis Miranda dizem que deixarão o partido, caso o União Brasil no DF fique com Manoel Arruda, do PSL. “Engraçado que quem tem votos somos nós, eu e o Miranda. O partido vai ficar com os sem-voto?”, questiona Fraga. Os dois vão disputar mandatos de deputados federais. “Eu até aceitaria que a Bia Kicis (PSL-DF) pleiteasse a presidência. Ela, pelo menos, tem votos, mas o Manoel Arruda e o Anderson, não”, reclama Fraga.

153.947
É o número de votos de Alberto Fraga e Luis Miranda nas eleições de 2018

Carreira solo
O projeto do grupo de Manoel Arruda na presidência do União Brasil-DF é eleger Anderson Torres senador e Flávia Arruda (PL) governadora. Seria a chapa bolsonarista no DF.

Sem mudanças
O ex-deputado Tadeu Filippelli recebeu convite para se filiar ao União Brasil. Mas garante que deixar o MDB não está em seus planos.

Mensalão contra mensalão

Na conversa com a cúpula do PSB, nesta semana em Brasília, Lula perguntou como está a força de José Roberto Arruda no DF. Quando foi governador, entre 2007 e 2009, Arruda manteve uma boa relação com o petista. Até que veio a Operação Caixa de Pandora, batizada de Mensalão do DEM. Para alguns aliados de Arruda, o nome era uma revanche política de petistas pelo Mensalão do PT.

Na onda bolsonarista
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, trabalha para ter Jair Bolsonaro no PP, como forma de aumentar seu poderio no Congresso. Mesmo com a imagem debilitada e a aprovação em baixa, o presidente tem um eleitor fiel e não é pouca gente. O PP pode eleger mais deputados e senadores na onda bolsonarista — e encorpar o repasse dos fundos partidário e eleitoral. Na campanha, Bolsonaro pode não chegar a ser um tsunami como em 2018, mas certamente muitos candidatos vão surfar no projeto de reeleição.

Aliado nanico
O diretório regional do PSDB recebeu segunda-feira o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, para debate das prévias, mas o presidente da legenda no DF, senador Izalci Lucas, já declarou apoio a João Doria. O DF é um nanico como eleitor. Não tem deputados federais, distritais, governador, vice ou prefeitos que somam peso maior no resultado. O PSDB-DF conta com o voto de um senador e de filiados. Caberá a Izalci demonstrar influência para levar tucanos às urnas em 21 de novembro, quando o PSDB elegerá um nome para a corrida presidencial. Mesmo assim, é pouco. O PSDB-DF tem 18 mil filiados. Cerca de 5% do total.

No tatame tucano
Tucanos em Brasília comentaram que Arthur Virgílio Neto é valente por se manter nas prévias, sem nenhuma chance ante a João Doria e Eduardo Leite. Na verdade, ele quer divulgar sua bandeira de defesa da Amazônia e vai pegar carona nos debates do PSDB. O prefeito de Manaus se recupera de sequelas da covid. Ele passou 20 dias internado no ano passado e conta ter visto a morte de perto. Lutador de jiu-jitsu e de judô, o ex-senador deu um ippon no coronavírus. Mas vencer as prévias do PSDB vai ser ainda mais difícil.

O fator Alckmin
Nas prévias do PSDB, a participação nos bastidores do ex-governador Geraldo Alckmin vai tirar preciosos votos de João Doria em São Paulo, estado mais importante para contagem de votos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, conseguiu, com essa ajuda, o apoio do líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo, Xexéu Trípoli. Ter o senador Tasso Jereissati (CE) como cabo eleitoral também encorpa a campanha de Leite.

Corredor da morte
Batizada de PEC Gilmar Mendes, a Proposta de Emenda à Constituição 05/21 é apontada por procuradores como o fim do fim. “O MP está no corredor da morte”, escreveu o procurador Hélio Telho. O texto que deve ser votado hoje cria a possibilidade de conselheiros do CNMP reverem atos de investigação e ações de promotores e procuradores.

Velha guarda
O governador Ibaneis Rocha decidiu não ir ao jantar com Lula e caciques do MDB na casa do ex-senador Eunício de Oliveira. Ele justificou que tinha um evento no Cruzeiro para montar a nominata do MDB. “Minha presença foi cobrada”, disse Ibaneis à coluna. O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, também não foi. Emedebistas comentavam, ontem, que o jantar era para a velha guarda do partido.