Uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, tomada no recesso do Judiciário, pode zerar toda a investigação da Operação São Cristóvão, que apontou desvios do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). Um dos principiais investigados é o ex-senador e ex-vice-governador Clésio Andrade (PMDB-MG), que teve o patrimônio bloqueado por autorização da Justiça do DF. No despacho monocrático, em 29 de dezembro, Lewandowski considerou que a competência para avaliar o caso é da Justiça Federal, por envolver interesse da União. Com a mudança, todas as medidas e provas obtidas até agora contra Clésio e outros 28 suspeitos poderão ser anuladas.
Mudança de opinião
Ao julgar a Justiça Federal competente para apreciar denúncias de desvios no Sest e Senat, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, contrariou uma jurisprudência formada em acórdão de sua própria autoria. Em julgamento anterior, o ministro considerou que questões relacionadas a entidades paraestatais, que não recebem recursos públicos federais, são da responsabilidade da Justiça comum.
Desvios de R$ 150 milhões
Pelas investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do DF e da Polícia Civil, os desvios de recursos do Sest e Senat podem ultrapassar a cifra de R$ 150 milhões. Os investigados são suspeitos de peculato, lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Academia no trabalho
A Operação São Cristovão apontou, em setembro de 2014, uma vida nababesca de funcionários do Sest e Senat. No gabinete de uma das envolvidas no caso, a Polícia Civil e o Ministério Público do DF encontraram uma luxuosa academia de ginástica. Nas casas dos suspeitos, havia obras de arte e carrões.
Nas mãos de Cármen Lúcia
O caso agora está nas mãos da vice-presidente do STF, Cármen Lúcia. O Ministério Público do DF entrou com recurso para tentar rever a decisão de Lewandowski, ainda no recesso do Judiciário.
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