Ana Maria Campos — A Polícia Civil do DF passou incólume pela crise na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, quando a Polícia Militar do DF esteve na berlinda e sete oficiais tiveram a prisão preventiva decretada pelo STF. Policiais civis conseguiram desvendar e impedir a explosão de um caminhão-tanque no Aeroporto JK, na véspera do Natal de 2023, o que foi um grande mérito, uma vez que a ação policial impediu uma catástrofe sem precedentes em Brasília. Mas a suspeita de que uma ex-namorada do então delegado-geral foi monitorada por meio de uma interceptação ilegal incluída em uma investigação sobre tráfico de drogas é bastante grave.
A prisão do ex-chefe da corporação envolve um método que pode ser usado para monitorar outras pessoas e uma questão que está na ordem do dia: a violência contra a mulher. Enquanto políticos no Congresso reclamam de repassar recursos do Fundo Constitucional do DF para manter a segurança pública na capital do país, o Distrito Federal tem dois ex-comandantes da Polícia Militar e um ex-diretor da Polícia Civil presos preventivamente.
————–
Fim de semana de prisão
Robson Cândido vai passar no mínimo o fim de semana preso. A defesa acredita que, diante da repercussão do caso, nenhum juiz de plantão vai relaxar a prisão e estrategicamente é melhor apostar em um habeas corpus na segunda-feira.
————–
Mais autonomia
A prisão de Robson Cândido não muda a situação do delegado José Werick, que está no comando da Polícia Civil do DF. Permanece como delegado-geral, segundo a coluna apurou, mas pessoas próximas avaliam que ele precisa buscar mais autonomia e independência em relação à gestão anterior.
————–
Ibaneis orientou vítima de Robson Cândia a procurar a Polícia
Em depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a ex-namorada de Robson Cândido, pivô do escândalo na Polícia Civil do DF, disse que procurou o governador Ibaneis Rocha (MDB) por WhatsApp para relatar os acontecimentos diante das reiteradas perseguições e agressões que sofria por parte do então delegado-geral. Numa troca de mensagens em 28 de agosto, a jovem, então empregada do Metrô — cargo que conseguiu por influência de Robson — recebeu a orientação de Ibaneis de que procurasse a Polícia para registrar uma ocorrência. Ela disse, no depoimento, que, depois dessa reclamação ao Palácio do Buriti, Robson suspendeu as perseguições diretas, mas tentou contato algumas vezes por ligações de um número oculto, já que sabia que a ex-namorada havia procurado o governador para expor toda a situação.
————–
Risco de perder o cargo
Envolvido nas suspeitas de grampo ilegal no telefone de uma ex-namorada de Robson Cândido, o delegado Thiago Peralva, ex-titular da 19ª DP, foi inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro antes de passar no concurso para delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. Tomou posse com a última turma, depois de cinco anos estudando como “concurseiro”. Agora corre o risco de perder o cargo.
————–
Lista tríplice
Alguns delegados começam a levantar a bola de uma nova lista tríplice para a direção-geral da Polícia Civil.
————–
Sem surpresas
A deputada Jane Klébia (MDB), da base do governo Ibaneis, tem evitado comentários públicos e contundentes sobre a situação de Robson Cândido. Mas ela não tem uma boa relação com o ex-delegado-geral e não deve estar surpresa com a crise.
————–
Debate sobre educação patrimonial
O Iphan vai promover, entre terça-feira e quinta-feira, o Encontro Nacional de Educação Patrimonial 2023, na UnB. O evento conta com o apoio do Decanato de Extensão e da Fundação Darcy Ribeiro. Haverá mesas temáticas, oficinas, rodas de conversa e conferências. O objetivo é definir estratégias para a construção das bases da Política Nacional de Educação Patrimonial, a partir de processos de escuta e das trocas de experiências entre técnicos, docentes, pesquisadores, estudantes e agentes culturais.