Coluna Eixo Capital
O tempo passa e, aos poucos, a vida política do Distrito Federal vai voltando ao passado. O ex-senador Luiz Estevão já passa o dia fora da prisão, malha na academia e acompanha o dia a dia da cidade. Na última sexta-feira, outro ex-senador, Gim Argello, foi liberado da cadeia em Curitiba, onde cumpria pena de quase 12 anos por corrupção em condenação da Lava-Jato, beneficiado pelo indulto de Natal assinado pelo ex-presidente Michel Temer, também denunciado. O bombardeio em cima do ex-juiz Sergio Moro e o desgaste provocado pelo vazamento de mensagens de chats do Telegram contribuem para enfraquecer o clima de sucesso do combate à corrupção. De heróis invencíveis, procuradores da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba agora são atacados, e muitos de seus algozes são os próprios alvos.
Moro vai definir destino em ambiente hostil
Especialistas em investigações e operações policiais sempre comentaram que o tsunami das prisões e condenações passa arrastando quem está pela frente, mas volta. Quem sobrevive se volta contra quem o atacou. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mantém ainda uma alta popularidade, mas está no olho do furacão. A semana será decisiva para ele, ao prestar depoimento no Senado, na próxima quarta-feira. O Congresso é um ambiente hostil. Os políticos são seus piores inimigos, independentemente do partido. O sucesso de seu desempenho vai definir seu destino.
Por que apertou o gatilho?
Gravado pelo companheiro de uma das vítimas do feminicídio do Cruzeiro, ocorrido no dia dos Namorados, o vídeo sobre o duplo homicídio indica uma verdade incontestável. Os disparos que tiraram a vida de duas pessoas ocorreram pelas circunstâncias. O sargento reformado da Aeronáutica Juenil Bonfim de Queiroz estava nervoso, mas poderia ser contido se não estivesse armado. Atirou na cabeça da esposa, com quem estava casado havia 32 anos, e no vizinho porque tinha uma pistola na mão. Se não fosse assim, tudo não teria passado de uma discussão acalorada. Em tempos de debate sobre a ampliação da posse de arma, um episódio como esse precisa entrar na roda.
Félix sobre Witzel: “Afirmações criminosas”
Presidente do PSol/DF, deputado distrital Fábio Félix reagiu ontem às declarações do governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), sobre a possibilidade de jogar um míssil em bandidos da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. “Isso é extermínio da população pobre. O governador do Rio de Janeiro age de forma doentia quando sugere ataques de míssil em uma comunidade. Ele quer condenar pessoas à morte sem julgamento. As afirmações são criminosas”, disse Félix à coluna. Witzel fez as declarações na última sexta-feira em Nova Iguaçu e o pior… Foi aplaudido.
Novo round
O Fórum das Associações Representativas dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares divulgou nota contra a transformação do Centro Médico da PM em Hospital da Segurança. “A cessão a outras categorias, nesse momento, agravará a situação, caminhando em direção contrária à pretendida pelas famílias policial e bombeiro militar.” Mais polêmica.
A pergunta que não quer calar
Se o presidente Jair Bolsonaro acredita que o momento é de nomear para o STF um ministro evangélico, um advogado dessa religião pode sair na vantagem na disputa pela vaga da OAB no Tribunal de Justiça do DF?
Voto contra liberação de armas
Um dos votos no Senado contra o decreto que amplia o porte e a posse de armas, na próxima terça-feira, será do senador José Antônio Reguffe (Sem partido/DF). Ele apoiou propostas do governo Bolsonaro, como a redução do número de ministérios e a MP que visa a combater as fraudes do INSS, mas, na questão do armamento, pensa diferente. “Meu voto é contra. A liberação de armas é como liberar drogas, aumenta o consumo e o seu uso. Mais armas significam mais mortes”, acredita.
Só papos
“O prestígio de Sérgio Moro é tamanho que alcança qualquer um elogiado por ele. Ontem o ministro Fux foi recebido em voo comercial ao som de ‘in Fux we trust’. Deu ruim para esse projeto de jornalista marido de deputado do PSol. E vai dar ruim para qualquer um que mexer com a Lava-Jato”
Deputada federal Bia Kicis (PSL/DF)”A defesa já fez o showzinho dela. Essa frase foi enviada privativamente por um juiz para uma das partes de um processo judicial. Você aceitaria ser julgado por alguém que combina com quem te acusa os passos do julgamento?”
Guilherme Boulos, coordenador do MTST, candidato à Presidência pelo PSol em 2018
Mandou bem
Depois de realizar a separação das siamesas Mel e Lis, que já entrou para a história da medicina e se tornou referência nacional de sucesso, a equipe de profissionais do Hospital da Criança de Brasília José Alencar realizou ontem uma nova cirurgia inédita: um procedimento para reverter uma malformação na bexiga e genitália de uma criança de 1 ano e 11 meses.
Mandou mal
Durante a campanha ao governo de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, assinou termo de compromisso de que ele, seu vice e seus secretários não receberiam pagamento enquanto salários e pensões de servidores estivessem atrasados. Agora, o político eleito com o discurso da nova política afirma que se equivocou e diz que precisa reajustar os salários do secretariado.
Enquanto isso… Na sala de Justiça
Vários candidatos à vaga do quinto constitucional estiveram sexta-feira na posse do juiz Carlos Divino Rodrigues como desembargador. Todo o Tribunal de Justiça do DF estava presente e foi uma boa oportunidade para despertar a simpatia dos eleitores da lista tríplice que será encaminhada ao presidente Jair Bolsonaro.