ANA VIRIATO
O BRT Sul está entre as obras do Distrito Federal construídas graças ao pagamento de propina. A informação consta da delação premiada do sócio da Construtora Andrade Gutierrez Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, prestada ao Ministério Público Federal (MPF). Em troca da execução e manutenção das obras relativas ao sistema de transporte expresso, a empreiteira repassou ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT), ao ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e aos respectivos partidos cerca de R$ 8 milhões.
Segundo o depoimento, durante a corrida eleitoral de 2010, o petista e o peemedebista procuraram representantes das empresas que compunham o “cartel” do BRT Sul para requisitar propina de R$ 500 mil em cada turno da campanha. Em contrapartida, os então postulantes ao Palácio do Buriti manteriam o “acordo de mercado” estabelecido na gestão de José Roberto Arruda (PR).
Após o início dos obras, em 2011, quando Agnelo e Filippelli já ocupavam o Executivo local, a Andrade Gutierrez teria sido informada sobre o pagamento de valores indevidos, ainda, ao PT e ao PMDB. Cada sigla recebeu 2% sob o valor da obra. O BRT Sul, inicialmente orçado em R$ 587.400.719,83, custou aos cofres brasilienses R$ 704.709.866,75.
Rodrigo Ferreira Lopes afirma não ter realizado pagamentos diretos. Contudo, diz ter conhecimento das quitações. De acordo com a delação, no caso do direcionamento de verbas para o PMDB, parte dos repasses ocorreu em espécie; outra fatia em contratos simulados de prestação de serviço com empresas indicadas por Filippelli; e a última por meio de doações oficiais.
O sócio da Andrade Gutierrez ressalta que os valores remetidos a Filippelli foram transferidos por meio do emissário Afrânio Roberto de Souza Filho, preso temporariamente na Operação Panatenaico. O total de R$ 8 milhões divididos em propina pela Andrade Gutierrez equivale a apenas 4% do valor recebido pela empreiteira nas obras do BRT Sul.
O delator ainda levantou a suspeita de que a OAS e a Via Engenharia, integrantes do consórcio que tocou as obras do sistema de transporte, também pagaram R$ 8 milhões, cada. Assim, o total de propina recebida por Agnelo e Filippelli pode atingir R$ 24 milhões. Mas o delator contou não ter certeza sobre eventuais repasses de outras empresas.
Os pagamentos de valores ilícitos eram conduzidos pelos diretores da Andrade Gutierrez Carlos José de Souza e Rodrigo Leite. Afrânio Roberto ocupava o papel de operador para o ex-governador e o ex-vice-governador, segundo a delação.
A delação de Rodrigo Ferreira Lopes integra o rol de indícios de crimes que embasam a Operação Panatenaico. Deflagrada na última terça-feira (23), a fase inicial da investigação culminou com a prisão de Agnelo Queiroz, Tadeu Filippelli e José Roberto Arruda, além de outras sete pessoas. A Justiça Federal ainda determinou o bloqueio de patrimônio de 11 alvos — a total indisponibilidade de patrimônio está em torno de R$ 155 milhões.
O BRT Sul – Raio X
Licitação: O processo licitatório para a construção do corredor do BRT Sul começou em 2008, quando José Roberto Arruda (PR) estava à frente do Palácio do Buriti.
Execução: A construção do corredor ficou sob responsabilidade do Consórcio integrado por Via Engenharia, OAS, Andrade Gutierrez e Setepla Tecnometal Engenharia;
Inauguração: As obras, iniciadas em dezembro de 2011, durante a gestão de Agnelo Queiroz (PT) e Tadeu Filippelli (PMDB), foram concluídas em março de 2014 .
Valor: Orçado, inicialmente, em R$ 587.400.719,83, o BRT Sul custou aos cofres brasilienses R$ 704.709.866,75.
Passageiros: Os coletivos transportam, diariamente, 95 mil pessoas.
Frota: O sistema conta com 100 veículos que operam em 7 linhas;
Conexão: O sistema atende as regiões do Gama, Santa Maria e Park Way com destino à Brasília. Além disso, começou o processo de integração do entorno com o DF, interligando Valparaíso ao Plano Piloto por meio do Terminal de Santa Maria.
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