A segunda prisão de Arruda: da Pandora à Lava-Jato

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ANA MARIA CAMPOS

Mais uma vez a política do Distrito Federal é abalada por um escândalo de grandes proporções. Com mandado de prisão temporária, expedido pela 10ª Vara da Justiça Federal,  José Roberto Arruda (PR) foi o primeiro governador da história a ser preso no exercício do mandato. Foi em fevereiro de 2010,  sob a acusação de obstruir as investigações da Operação Caixa de Pandora. Agora é alvo de delação de empresários investigados na Lava-Jato.

Em 2010, Arruda passou dois meses preso e teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). Condenado em segunda instância em ação de improbidade administrativa por montar um esquema de compra de apoio político nas eleições de 2006, Arruda ficou fora da campanha de 2014, quando tentou voltar ao Palácio do Buriti, por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Chegou a registrar candidatura, mas renunciou por imposição da Justiça e lançou em seu lugar o ex-deputado Jofran Frejat (PR) com a mulher, Flávia Peres, como vice. A chapa acabou derrotada no segundo turno por Rodrigo Rollemberg.

Neste mês, saiu a primeira condenação na esfera penal contra Arruda em processos da Caixa de Pandora. A sentença por 3 anos e 10 meses, preferida pelo juiz Paulo Carmona, então titular da 7ª Vara Criminal de Brasília, foi por falsidade ideológica. Ele é acusado de forjar recibos para justificar o dinheiro que recebeu das mãos de Durval Barbosa, como se fossem doações para a compra de panetones.

A imagem de Arruda recebendo dinheiro de Durval é um dos símbolos da Pandora. O Ministério Público do Distrito Federal juntou também nas denúncias um diálogo, gravado com escuta no corpo de Durval, com autorização da Justiça, em que Arruda supostamente fala sobre distribuição de dinheiro para a base aliada. Uma das partes destacadas nas ações é a frase dirigida ao então chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel: “Aquela sua despesa mensal com político tá em quanto?”.

Ex-secretário de Obras do governo Roriz, Arruda também se envolveu em outro episódio político rumoroso, quando era líder do governo Fernando Henrique Cardoso no Senado, em 2001. Ele renunciou ao mandato de senador por envolvimento na violação do painel eletrônico do Senado. Motivo: ele queria conferir a votação no processo de cassação do mandato do então senador Luiz Estevão.

Os dois eram adversários políticos e cobiçavam o Palácio do Buriti. Arruda trabalhou pela cassação de Estevão, como o ex-senador, condenado e preso na Papuda pelo desvio de recursos da construção do TRT de São Paulo, também aplaudiu as tramas que levaram à derrocada do governo Arruda.

Depois da violação do painel, muita gente apostou que Arruda não conseguiria se tornar governador. Mas ele foi eleito no primeiro turno da campanha de 2006. O governo, no entanto, durou menos de três anos, abatido pelas denúncias da Pandora.

Um dos legados do governo Arruda foi o projeto de construção do estádio Mané Garrincha, que agora o leva novamente para a prisão, pelas delações premiadas de executivos da Andrade Gutierrez.

Arruda é citado também nas delações dos executivos da Odebrecht, por envolvimento em denúncias de corrupção na elaboração das PPPs para a construção do Centro Administrativo do DF e do Setor Habitacional Jardins Mangueiral.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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