Leonardo Cavalcanti //
A história revela um país com todas as contradições, entre o heroísmo e a covardia, os erros e os acertos nas políticas públicas, a crueldade e a justiça. Mas tudo isso só vale se o historiador for um sujeito comprometido com o trabalho.
O livro O Tiradentes, uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier (Companhia das Letras, R$ 79,90, 519 páginas), de Lucas Figueiredo, é um material de fôlego para mostrar muito sobre o Brasil, a partir de um personagem central na vida danação.
A pesquisa de Figueiredo apresenta Tiradentes na intimidade, a partir do que foi possível reunir durante o trabalho. O personagem é confrontado com a própria história da conjuração mineira, que, como se sabe, tratou-se da revolta em favor da libertação da colônia de Portugal.
Apesar de ser um protagonista do movimento, Tiradentes não tinha uma biografia mais detalhada, o que deixava a história do alferes com alguns lapsos, que Figueiredo agora trata de preencher. Os políticos, ao longo da história, sempre tentaram se comparar a Joaquim José. Da esquerda à direita, de Luiz Inácio Lula da Silva a Michel Temer, os nossos governantes citam Tiradentes para se dizerem vítimas de falsas acusações, como se o resgate do personagem pudesse redimi-los. Para além do oportunismo das comparações, o fato é que, até o livro de Figueiredo, se sabia apenas um pouco sobre o mártir. O que se vê com mais nitidez a partir de agora são detalhes de conspirações e traições, como pano de fundo do Brasil-Colônia magnetizado pela corrida do ouro.
Um trabalho sério de pesquisa dificulta a vida de políticos em tentar se apropriar da história do país. Isso não significa que o cinismo continue valendo, como os casos sobre o passado recente da ditadura, que tenta ser reescrito de maneira falsa por Jair Bolsonaro (PSL) e alguns apoiadores do ex-capitão. A informação, entretanto, sempre salva.
Bolsonaro I
Sai Janaína “Rodopiando” Paschoal na chapa de Jair Bolsonaro, entra o general Antonio Hamilton Martins Mourão, o que leva a campanha do deputado ainda mais para a direita. E, por que não dizer, para o folclore eleitoral? As cenas de convencionais fantasiados de heróis no clube de Jaçanã, em São Paulo,revelam apenas o início de uma eleição amalucada, pois o Capitão América, a Mulher Maravilha, o Batman e o Homem Aranha não parecem apenas querer divertir, eles acreditam na
própria piração. Proposta que é bom, nada.
Bolsonaro II
Desde 29 de julho, o Correio tem publicado, aos domingos, reportagens especiais sobre temas que devem balizar boa parte dos debates durante as campanhas presidenciais, como educação, saúde e desemprego. Os 10 presidenciáveis com mais intenção de voto foram convidados a apresentar as propostas
sobre cada um desses assuntos. Até agora, o candidato Jair Bolsonaro não respondeu a nenhuma
das solicitações. Da mesma forma que se esquiva nos debates políticos, nos quais teria a oportunidade de discutir propostas, ele também não faz questão de tirar dúvidas básicas sobre temas de alta relevância para a população, mesmo quando isso pode ser feito a distância e por escrito.
Para a reportagem sobre educação, publicada em 29 de julho, todos os presidenciáveis tiveram duas semanas para enviar as propostas. No caso de Bolsonaro, a assessoria de imprensa atendeu a alguns dos telefonemas,mas não enviou sequer uma fala do presidenciável sobre o tema. Os outros dois candidatos
que não responderam a tempo justificaram a falta e enviaram as propostas para a matéria seguinte.
Bolsonaro também está ausente da reportagem de ontem sobre saneamento básico. Na última segunda-feira, quando foi procurado, o assessor do candidato pediu para que o Correio mandasse a solicitação para o e-mail da assessoria do partido. Na sexta-feira, prazo estipulado para que os candidatos respondessem, novamente, nada de Bolsonaro. Como na semana anterior, ele não explicou o motivo.
O assunto da próxima reportagem é segurança pública — aparentemente, o tema preferido de Bolsonaro, a julgar pelas falas públicas do candidato. O Correio aguarda as propostas dele sobre o assunto.Todos os presidenciáveis receberam a lista de reportagens há mais de uma semana, com temas e datas de publicação, para que pudessem se organizar e enviar as respostas a tempo.
Colaborou Alessandra Azevedo
Coluna Eixo Capital, publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) Um…
Coluna Eixo Capital publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni Um áudio…
Da Coluna Eixo Capital, por Pablo Giovanni (interino) Um relatório da Polícia Federal, que levou…
Texto de Pablo Giovanni publicado na coluna Eixo Capital nesta terça-feira (19/11) — O ministro…
Coluna publicada neste domingo (17/11) por Ana Maria Campos e Pablo Giovanni — A Polícia…
ANA MARIA CAMPOS O colegiado da Comissão Eleitoral da OAB se reuniu na noite desta…