Grupo de lideranças sindicais de empresários e de trabalhadores do Distrito Federal visitava região que foi a mais violenta de Medellín, na hora que senador colombiano foi alvejado por tiros em Bogotá
Por Samanta Sallum
Medellin- Os tiros que alvejaram o senador colombiano Miguel Uribe ferem gravemente todo o processo de resgate de autoestima e de imagem da Colômbia, que se esforça para deixar no passado a era do narcoterrorismo, principalmente simbolizada na figura de Pablo Escobar. Três candidatos a presidência na Colômbia foram assassinados em 1990. Exatamente para conhecer as ações governamentais e do setor privado que buscam transformar o cenário de violência, uma comitiva de 15 lideranças de sindicatos empresariais e de trabalhadores do Distrito Federal está em visita à Colômbia.
No penúltimo dia da missão oficial, no sábado, ocorreu em Bogotá o atentado ao senador e candidato a presidente Miguel Uribe Turbay, internado e em estado grave. O grupo de brasileiros estava em Medellin, e parte visitava uma das regiões que foi a mais violenta da cidade, a Comuna 13. Local que fica a uma hora de avião de Bogotá.
“O que vimos em Medellin nesses cinco dias de missão empresarial não condiz com esse terrível atentado na Colômbia. Levamos conosco para o Brasil valiosas lições de hospitalidade e resiliência do povo colombiano, que encontrou na união, no trabalho coletivo e nas ideias criativas a chave para a transformação e o desenvolvimento social”, afirmou José Aparecido Freire, presidente da Fecomércio/DF, que lidera a missão empresarial.
A comitiva brasiliense está retornando hoje à capital federal. No grupo, o presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF, Moises da Consolação; o presidente da Assespro, Cristhian Tadeu; o vice-presidente do Sindiópticas, Joaquim Roberto; o presidente do Sincofarma, Erivan; do Sindieventos, Octávio Neves; do Sindicato dos Supermercados, Jair Prediger; Alexandre Bittencourt, do Sindicato dos Laboratórios, entre outros.
Economia Criativa
Comuna 13 já foi território proibido para um turista visitar na década de 90. A transformação social foi realizada com ações nas áreas de educação, transporte publico e principalmente ao incentivo e suporte ao empreendedorismo da chamada economia criativa, que deu mais oportunidades de trabalho aos 180 mil moradores da região. Na localidade, os empresários puderam conhecer diversas iniciativas de atividades que unem cultura, comércio, eventos, esporte e de segurança alimentar.
Um dos guias da Comuna 13,Jonathan Arroyo, 37 anos, teve o primo, líder comunitário na época do narcoterrorismo, assassinado por tentar resistir às pressões do crime organizado e atuar por ambiente de proteção social a jovens. “São feridas que estão abertas, mas que estamos cicatrizando. Muitas pessoas perderam a vida aqui para que pudéssemos chegar no cenário que temos hoje, mais pacífico, bem menos violento”, contou.
Medellin já foi a cidade mais violenta do mundo. O número de assassinatos por mês chegava a 400 por cada 100 mil habitantes. Hoje, a cidade não está mais nem entre as 100 mais violentas.
Divisão política e sequestro de jornalista
Miguel Uribe é do partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente conservador Alvaro Uribe. O partido faz oposição ao governo de extrema-esquerda de Gustavo Preto, ligado às FARC. Miguel é filho de Diana Turbay, jornalista que foi sequestrada em 1990 por um grupo criminoso ligado ao Cartel de Medellín do traficante Pablo Escobar. Fiana acabou assassinada em uma tentativa de resgate.
Na mesma época, três candidatos a Presidência foram assassinados. Miguel também é neto do ex-presidente Julio Cesar Turbay Ayala, que governou a Colômbia entre 1978 e 1982.
Miguel Uribe Turbay foi atingido no sábado pelas costas depois de três disparos à queima-roupa. O atirador, ferido na reação de seguranças, também foi levado a um centro médico.