Setor produtivo reage à alta de juros criticando descontrole fiscal do governo e “excesso” do BC

Compartilhe

Confederação do Comércio diz que medida vai prejudicar Black Friday e Natal. E que raiz do problema está em “deterioração fiscal” do governo. Já a Confederação da Indústria classifica como “excesso de conservadorismo” do Banco Central

Por Samanta Sallum

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 pontos percentuais, levando a Selic para 10,75% ao ano, conforme o projetado pelo mercado. No cenário internacional, o Federal Reserve, o Banco Central Americano, anunciou uma redução de 0,5 p.p., colocando a taxa de juros americana entre 4,75% e 5%.

Com o aumento da Selic, a expectativa é de que um ciclo curto de elevações tenha início, com novos ajustes nas próximas reuniões do Copom até o final do ano, podendo elevar a taxa para algo entre 11,5% e 11,75%. Este ciclo de alta deve continuar até o final de 2025, com a taxa atingindo cerca de 12% ao ano.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ressalta que a raiz desse cenário está “na deterioração fiscal,” com o Brasil possivelmente não alcançando a meta de déficit zero. A falta de um posicionamento claro sobre a flexibilização da meta fiscal apenas agravaria as incertezas.

“A Confederação reitera que o descontrole fiscal e o aumento dos gastos públicos são insustentáveis, lamentando que a solução esteja recaindo sobre os juros, prejudicando o crescimento econômico.”

A CNC informou que enxerga a elevação com preocupação, “embora compreenda que o Banco Central esteja atuando de maneira responsável diante do quadro fiscal e das pressões inflacionárias.” No entanto, o aumento dos juros eleva o custo de capital para as empresas, dificulta o acesso a financiamentos e encarece o crédito ao consumidor.

“Esses efeitos tendem a impactar negativamente o comércio e o turismo, principalmente, setores que dependem muito do crédito”.  A elevação pode prejudicar o desempenho em datas importantes como a Black Friday e o Natal.

CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez um posicionamento contundente à alta da taxa básica de juros. Para a CNI, a elevação seria “um equívoco, refletindo excesso de conservadorismo do BC”.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, lembra que outros países vêm diminuindo as taxas de juros. “Os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que o aumento da Selic seria equivocado e um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica. Além disso, colocaria o Brasil na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros”.

Mais despesas para as contas públicas

A CNI também aponta que a alta da taxa de juros real também dificultaria a sustentabilidade das contas públicas, uma vez que cada ponto percentual a mais na Selic representa cerca de R$ 40 bilhões por ano em despesas com juros.

samantasallum

Publicado por
samantasallum
Tags: #BancoCentral #BC #BlackFriday #CNC #controledegastos #Copom #economia #governofederal #juros #redução #Selic #sustentabilidade #taxa #turismo CNI comércio Indústria Natal

Posts recentes

  • Coluna Capital S/A

Ciclone em São Paulo faz voos de Brasília retornarem à capital federal

Piloto de uma das aeronaves disse que era um dia para entrar na história da…

8 horas atrás
  • Coluna Capital S/A

Zema diz que Lula conduz economia com “anabolizantes”; e reafirma candidatura à presidência

Sobre Flávio Bolsonaro, comentou que há espaço para outros nomes da direita, mas que  campo…

14 horas atrás
  • Coluna Capital S/A

Expectativa do comércio para o Natal tem queda em relação ao ano passado

Coluna Capital S/A de 9 de dezembro  Por SAMANTA SALLUM  O comércio do DF espera…

1 dia atrás
  • Coluna Capital S/A

Palavras que voam: exposição celebra 50 anos do Dicionário Aurélio*

Por SAMANTA SALLUM  O Sesi Lab inaugurou neste sábado a exposição Palavras que Voam: Acervo…

4 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

ITBI terá nova forma de cálculo com lei promulgada pelos deputados distritais

Alteração no Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis estabelece agora valor de mercado do…

6 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

Programa Acredita para pequenos negócios alcançará R$ 10 bilhões em crédito

Por SAMANTA SALLUM  Lançado em maio de 2024, o Programa Acredita chegará ao fim de…

1 semana atrás