Bares e restaurantes já sofrem com alto endividamento e queda nas vendas
Por Samanta Sallum
O varejo poderá enfrentar um aumento de tributação em torno de 18%, enquanto o setor de serviços poderá sofrer aumentos que variam de 80% a 230% com a reforma tributária. “Isso não apenas dificultará os negócios dos empresários, mas também impactará toda a cadeia que depende desses setores”, alertou o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Felipe Tavares.
Ele participou da audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na qual foram discutidos os impactos da reforma tributária nos setores de comércio e serviços.
A alíquota combinada dos novos tributos pode atingir 27,97%, o que colocaria o Brasil como o país com a maior alíquota de IVA no mundo, superando a Hungria. “A carga tributária mais elevada trará um impacto severo sobre os empregadores com grandes folhas de pagamento, resultando potencialmente em desemprego e informalidade”, apontou o economista.
A importância de revisar as alíquotas de tributação aplicadas ao setor de turismo foi também destacada por Tavares. Ele mencionou que bares, restaurantes e hotéis, que são parte fundamental das atividades turísticas, enfrentam uma forte competição internacional.
Segundo ele, se os custos no Brasil aumentarem excessivamente, há o risco de que turistas escolham outros destinos, “o que representaria uma grande oportunidade perdida para o país, que possui uma vocação natural para o turismo.”
Bares e restaurantes sofrem com alto endividamento e queda nas vendas
Pesquisa realizada pela Abrasel, com 2.333 empreendedores do setor de bares e restaurantes em todo o Brasil, revela que nos sete primeiros meses de 2024 houve crescimento no número de empresas com dificuldade em reajustar seus cardápios para acompanhar a inflação.
Em janeiro de 2024, 31% das empresas registraram o problema, mas o percentual subiu para 40% na medição de agosto, representando um aumento de quase 10%. Esse cenário reflete a pressão dos custos crescentes de alimentos e bebidas sobre as margens de lucro dos estabelecimentos.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, que participou da audiência no Senado na terça-feira para discutir a reforma tributária, destacou a urgência de medidas que tragam alívio ao caixa das empresas.
Outro dado preocupante é que o nível de endividamento das empresas do setor de bares e restaurantes continua elevado, com cerca de 40% das empresas registrando pagamentos em atraso.