Por Samanta Sallum
Formado por seis estados e o Distrito Federal, o grupo decidiu suspender o processo de compra de 14 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. A aquisição seria feita diretamente do Fundo Soberano Russo, e não pela empresa União Química. Chegou a ser formalizada uma carta de intenções de compra.
Em princípio, o pedido do Consórcio Brasil Central (BRC) foi de 28 milhões de doses, o suficiente para imunizar a população dos seis estados e do DF. A resposta foi de que só seriam possíveis 14 milhões. O preço negociado estava em torno de US$ 9 por vacina.
Apesar de não ter o registro da Anvisa, foi permitida, no início de junho, a importação direta pelos governadores, desde que seguindo uma série de regras impostas pelo Ministério da Saúde. O consórcio dos estados do Nordeste está realizando a compra. Mas os do BRC Central resolveram que não seria mais necessária a aquisição, diante dos empecilhos e da polêmica em torno de negociações sobre as vacinas. Fazem parte: Maranhão, Rondônia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do DF.
Cronograma demorado
“Seria agora um trâmite muito longo e complicado concluir a compra (da Sputnik). Manifestamos interesse, mas o cenário mudou e temos a real perspectiva de sermos abastecidos totalmente pelo governo federal, pelo Programa Nacional de Imunização. A previsão é que até outubro o DF esteja vacinado”, explicou à coluna o vice-governador do DF, Paco Britto, que é o secretário executivo do Consórcio Brasil Central.
Assédio de atravessadores
Paco Britto confirmou o assédio aos dirigentes dos estados por pessoas que se dizem representantes de empresas oferecendo a venda de vacinas. Mas o BRC decidiu não fazer transação direta de compra, ou seja, independente do governo federal.
“Eles chegam, dizem que têm vacinas e jogam o preço alto. Alegam a oscilação de valor devido à grande procura e à pouca oferta. Nós respondemos que temos órgãos de controle e que o dinheiro público não pode ser investido nesse parâmetro. Negamos esse tipo de negociação”, afirmou o vice-governador.
Xeique árabe
Governadores, inclusive Ibaneis, receberam cartas oficiais de convite para irem aos Emirados Árabes negociarem vacinas de supostos investidores dos laboratórios de produção. Convites assinados por xeiques.
“Procuramos a Embaixada dos Emirados Árabes, que não reconheceu a existência da tal empresa que tentava o contato”, revelou Paco.
Mobilização por doações
O vice-governador disse que é importante apurar as denúncias da CPI da Covid no Senado. “São graves e precisam ser esclarecidas. Mas a imunização não pode parar. A solução para a pandemia é a vacinação em massa. Não terão UTIs e respiradores suficientes por mais que nos esforcemos para garantir o máximo de atendimento. A saída não está em mais hospitais. Mas sim na vacina”, enfatiza.
Paco também está à frente do Comitê Todos contra a Covid, criado no DF. Ele ajudou a mobilizar os empresários do comércio e da indústria a fazerem doações para a expansão dos hospitais de Ceilândia e Samambaia e também de máscaras e álcool em gel.
“Nos unimos ao setor produtivo e à sociedade civil neste enfrentamento à pandemia e o resultado está sendo muito positivo.”
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