“Eu gostaria muito [de ir], mas imagino que você perceba que entre o Chile e o Brasil tem um problema de distância”, disse a presidente Dilma Rousseff ontem, em Santiago, ao ser questionada sobre a ausência na festa de aniversário do PT, hoje à noite, no Rio de Janeiro. Em linha reta, a distância é de menos de 3 mil quilômetros.
Dilma almoçou com a presidente do Chile, Michele Bachelet. Um voo direto de carreira leva 4h15 minutos para cobrir a distância entre o aeroporto de Santiago e o Galeão. Como não há diferença de fuso horário entre os dois países, Dilma poderia tranquilamente embarcar às 16h e chegar à festa do PT por volta das 21h. E aproveitar a viagem para tirar uma boa soneca na suíte presidencial do Aerolula.
Dilma esnobou a festa do PT por razões políticas. Isso fica claro na mesma entrevista: “Nós vivemos numa democracia. O governo é uma coisa, os partidos são outra. Em que pesem eles serem a base, muitas vezes eles divergem. Isso é normal e tem de ser encarado com normalidade”, disse. Foi um recado de que pretende manter distância regulamentar do PT para tentar salvar a própria pele. E de que não digeriu as críticas da cúpula petista ao acordo que fez com o PSDB para flexibilizar o regime de partilha do PT e à proposta de reforma da Previdência do governo.
As duras cobranças que sofreu dos petistas em entrevistas, artigos de jornais e nas redes sociais por não incluir a festa na agenda presidencial contribuíram para tornar inevitável a ausência. Seria uma completa desmoralização se submeter às pressões do PT, correndo o risco ainda de receber uma vaia de militantes radicais. Por trás do contencioso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manobra. Há um jogo sutil entre ambos. Nos bastidores, Lula atribui a Dilma o fracasso econômico de seu governo, ao mesmo tempo em que Dilma responsabiliza o PT pelos escândalos que podem levar à cassação de seu mandato de presidente da República.
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