Rinha generalizada

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Divulgação

No livro “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz“, de C.S. Lewis, o experiente e astuto anjo do mal troca missivas com seu sobrinho, de quem é tutor. Nessas cartas, o tinhoso ensina-lhe as melhores e mais infalíveis e ardis táticas para tentar o ser humano, fazendo-o cair e se afastar da luz e da razão divina. A palavra diabo vem do grego diábolos, que significa aquele que divide, separa e desuni.

Num dos trechos dessa obra, o diabo ensina a seu pupilo: “O inimigo quer os homens ocupados com o que fazem; nosso trabalho é mantê-los pensando no que lhes acontecerá”. Noutra passagem, o encardido recomenda: “Faça o que fizeres, haverá alguma benevolência, bem como alguma malícia, na alma de teu paciente. A questão é direcionar a malícia para seus próximos imediatos, a quem ele encontra todo dia, e lançar sua benevolência a uma circunferência remota, à gente que não conhece. A malícia assim torna-se bem concreta e a benevolência em grande medida imaginária.” Sem dúvida alguma, a desunião é, entre os vacilos humanos, o mais eficaz método para enfraquecer o sujeito ou grupo, tornando-os presa fácil para aqueles que desejam lançar suas garras contra eles, dominando-os a seguir.

Para esse fim, a tática usada é sempre essa, construída com base em mentiras e intrigas, antepondo cidadão contra cidadão, conterrâneo contra conterrâneo, lançando-os em embates tão inúteis como fatais. Em praticamente todos os episódios da história da civilização, vemos que a dominação de povos inteiros se deu mais facilmente e sem o uso de armas, apenas insuflando entre eles mentiras e intrigas, erguendo contra todos a cizânia e o ódio.

Em Mateus 12:30-37, está escrito: “Quem comigo não ajunta, espalha.” Mais claro que essa mensagem do céu, impossível. Mais recentemente, na primeira metade do século passado, na Alemanha, a massiva e bem estruturada propaganda nazista mostrou toda a sua eficácia no controle e na submissão daquela nação, elegendo falsos inimigos e conduzindo-a, como carneirinhos obedientes, a precipitar-se no abismo, não sem antes levar consigo milhões de outros inocentes úteis, todos igualmente empurrados rumo a uma guerra sangrenta e sem paralelo.

Agitar, no mal sentido, as massas, de modo a confundi-las, elevando tensões e, finalmente, a rinha generalizada, tem sido sempre a estratégia das trevas. Aparentemente, esse estratagema, antigo e imutável, sempre rendeu os resultados esperados pelo verdadeiro inimigo, ou aquele que, de longe, age para pôr fogo nas relações humanas.

No mundo ou no espaço que temos para desenharmos nossas vidas, podemos conferir que também é assim que o mal opera. Liberais, conservadores, progressistas, negros e brancos que, até pouco tempo, viviam diante de nós em relativa comunhão, apesar das diferenças de cunho político, hoje se encontram jogados numa arena ou rinha de galos, engalfinhando-se por nada, tudo para o gaudio de insufladores distantes e indiferentes que apostam sem parar na miséria humana.

O diabo encoraja os extremos a se encontrarem para um único propósito: lutarem entre si até a morte. O diabo também ganha as almas humanas pelo prazer e pelas promessas que faz. Quanto mais iludido, menor a tarefa de atraí-los para a cilada. O que é a propaganda da falsa política senão a cantilena encantadora de sereias que nadam num mar de fogo? De outra forma, é sabido que o prazer da razão, iluminada pelo bom senso, é enxergar e antever os tropeços e as armadilhas à frente.

Não pense você que o caminho para o abismo é feito com apenas uma única queda. Toda a descida ao vale da discórdia é feita de maneira gradual e suave, dando ao condenado a sensação que desce numa nuvem. O importante, em médio prazo, é tirar do incauto a possibilidade de agir; depois, a própria possibilidade de sentir.

Para os relutantes e que para que sirva de exemplo a outros, o inimigo quer apenas “uma boa pá, uma cova profunda e uma bala certeira, capazes de descer sobre ele a cortina da vida”. Sem se cansar, vemos que o diabo também nunca desce de seu palanque infernal, onde insiste no trabalho eterno de conquistar almas. Um futuro que nunca chega. Esse é o horizonte nebuloso prometido pelo tentador.

Da mesma forma, é incutida nessas massas a necessidade de experimentar tempos presentes recheados de agruras e intrigas. São elas que irão conduzir o homem de amanhã ao paraíso da ilusão. Para o homem sem fé e em ligação direta com seu espírito, não há lugar seguro neste mundo que o proteja das investidas do mal. Nem nas igrejas, nem nas sinagogas. Onde quer que se esconda, a política das trevas vai buscá-lo para torná-lo mais um aliado.

A frase que foi pronunciada:

“Viva em paz e não se deixe tapear pelo demônio.”
São Padre Pio de Pietrelcina

Foto: Leusa Santos/Folha de Pernambuco

História de Brasília

Até segunda-feira, os barracos da delegacia serão destruídos, para que a Novacap possa urbanizar a quadra inteira. (Publicada em 8/4/1962)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #Civilização #Conflitos #Divisão #GuerraNoMundo #HistóriadeBrasília #Mamfil

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