Amor pela cidade

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Criada por Ari Cunha desde 1960

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com Circe Cunha e Mamfil

Um dos pré-requisitos para a escolha de um candidato a governador de Brasília, e de resto de todas as capitais do país, deveria ser seu amor pela cidade. Mas como essa é uma condição, que no mundo da política, nunca é levada em consideração, a melhor forma de escolha do pretendente acaba sendo feita pelo poder de pressão dos partidos.      Com isso, a ligação do futuro administrador com a cidade é finalizada de acordo com o modelo de traçado pelos caciques políticos, que convenhamos, passa longe daquilo que sonhava a população.

Sem uma ligação afetiva a cidade, que também é organismo dotado de vida própria, a administração logo passa a apresentar falhas, mostrando o desleixo, a tolerância excessiva com o desvirtuamento urbano, entre outras mazelas, que pouco a pouco vão tornando a cidade um lugar menos acolhedor, para dizer o mínimo. Para esses administradores da vida urbana, a palavra preservação, que no caso de uma cidade como Brasília é sinônimo da nova capital, passa ser um empecilho ao governo e às suas metas de gestão.

Para aqueles que entendem minimamente da complexidade urbana, chegará um dia em que, pelo crescimento desordenado e acelerado que a cidade tomou nesses últimos vinte anos, o Plano Piloto, como o conhecemos, deverá ser apartado do restante da Grande Brasília, sob pena de sucumbir as várias alterações que são impostas ao traçado original.

Ou se impõe a preservação do Plano Piloto, em todas as suas escalas, ou será o fim de uma cidade planejada, joia mundial da arquitetura moderna. Para se ter uma breve visão de como a cidade está em caminhando para ser desfigurada, basta percorrer as W3, Sul e Norte, ainda a principal via de comércio da capital, observando como a permissividade, no trato da coisa pública, vem destruindo o traçado original de Brasília.

Nas áreas reservadas aos pontos de ônibus, e que deveriam servir apenas a esse propósito, erguem-se cada dia mais, barracos de lata, que vendem de tudo. Na W3 Norte existe inclusive construções de alvenaria, fincadas lado a lado com as paradas.

Por todo o canto da cidade esses barracos de lata vão sendo construídos, também nas entre quadras, com jardins, alvenarias ou latas estrangulando o passeio público. Trata-se de uma situação anômala, que vai se espalhando e que tem como razão a geração de emprego para populações de baixa renda.

O que ocorre de fato é que a visão política sobre administração de cidade tem que levar em conta o planejamento urbano. Fazer das áreas públicas uma moeda de troca para atendimento de pleitos particulares, mesmo de cunho social é aviltar a cidade e sobretudo seus cidadãos, que pagam os mais impostos do país. O que tem feito a administração do Plano Piloto que não tem impedido a proliferação dessas construções de lata, verdadeiros aleijões arquitetônicos.

É sabido que desde a maioridade política da capital as influências político partidárias tem exercido pressão na escolha de muitos gestores. Esse fato, tem por seus resultados vistos, ajudado a desfigurar a cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade. Para os políticos fatos como esse interessam menos do que o atendimento de pleitos de seus eleitores. O que não entendem ou percebem, é que a cidade é dos brasilienses e de todos os brasileiros e não pertence à classe política, formada na sua maioria quem não demonstra respeito nem amor por uma espaço que é de todos, inclusive da Humanidade, conforme decidiu a UNESCO.

A frase que foi pronunciada:

“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.”

Stanislaw Ponte Preta

Jornalistas

Aconteceu no passado e ainda acontece quando um repórter liga para a autoridade e diz: Muito prazer em ouvir o senhor. E a autoridade responde: Também tenho prazer em lhe ouvir, mas nenhum prazer em lhe falar.

Eleição

As eleições dos Conselheiros Tutelares pelo país movimentaram a população na escolha de alguém de referência da comunidade com o papel de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes, como rege o  Estatuto da Criança e do Adolescente. Trata-se de um papel importantíssimo.

História de Brasília

Desejamos ressaltar, daqui, a boa acolhida que teve a sugestão desta coluna para que a polícia defenda a cidade contra improvisações. Desta forma, renovamos ao coronel Cairoli o desejo de que as Viaturas da polícia tenham ordem para demover os que desejam invadir terreno alheio com barracos. (Publicada em 24.03.1962)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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