Dia do Cerrado: parques e reservas são essenciais para conservação da fauna

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Neste 11 de setembro, Dia do Cerrado, estudo comprova a importância dos parques para a proteção de animais

Segundo maior bioma da América do Sul, o Cerrado é abundante em biodiversidade, mas é uma das áreas que mais sofre com a perda de habitat natural. Neste 11 de setembro, Dia do Cerrado, estudo publicado em tradicional revista científica comprova a importância dos parques nacionais e estaduais deste ameaçado bioma brasileiro para a proteção de animais como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e a anta.

A criação de parques nacionais e outras áreas protegidas é uma das principais estratégias adotadas no Brasil e no mundo para minimizar a atual crise ambiental. Mas como saber se estas áreas estão realmente tendo um efeito positivo sobre a biodiversidade? É exatamente isso que uma equipe formada por cientistas brasileiros e britânicos relata em estudo conduzido no Cerrado brasileiro e publicado na véspera do Dia Nacional do Cerrado.

Utilizando milhares de registros de animais obtidos através de câmeras automáticas instaladas em uma extensa área do Cerrado do norte de Minas Gerais, os pesquisadores demonstraram que unidades de conservação, como parques nacionais, estaduais e reservas privadas, abrigam uma diversidade de mamíferos bem maior do que áreas similares que não possuem o mesmo grau de proteção.

Registro por câmeras automáticas de tamanduá-bandeira // Crédito:  Guilherme Ferreira

Animais como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, a onça-parda, e a anta são pelo menos cinco vezes mais comuns nessas áreas, no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, região prioritária para a conservação do Cerrado. Em geral, as áreas sob maior nível de proteção no mosaico têm 2.7 vezes mais espécies de maior porte e 2.4 vezes mais espécies ameaçadas de extinção em nível mundial. Parte da coleta de dados foi financiada pela parceria entre o WWF-Brasil e o Instituto Biotrópicos em 2012-2013.

Preservação da biodiversidade

Para Guilherme Braga Ferreira, um dos autores da pesquisa, o estudo é um dos primeiros a mostrar de forma sistemática que a criação de parques tem um efeito extremamente positivo sobre a biodiversidade do Cerrado. “Apesar de intuitivo, comprovar a importância das áreas protegidas com dados robustos é essencial neste momento em que elas estão sofrendo pressão de diversos setores”, diz.

Para o WWF-Brasil, o estudo evidencia a importância da criação e também da consolidação das unidades de conservação no Brasil. “O Cerrado é a savana com maior biodiversidade do planeta, além de prover cerca de 40% da água doce do Brasil. Áreas protegidas bem manejadas garantem não só a conservação das espécies, mas também uma série de benefícios para toda a sociedade brasileira”, afirma Mariana Ferreira, gerente de Ciências do WWF-Brasil.

Os resultados deste estudo se adicionam aos achados de pesquisas anteriores mostrando a efetividade de áreas protegidas para evitar desmatamento no Brasil, inclusive no Cerrado. Também confirmam o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, que abrange a região do sertão mineiro descrita por Guimarães Rosa na obra Grande Sertão Veredas, como área chave para preservação da biodiversidade no Brasil.

Saiba mais

Confira o artigo dos pesquisadores clicando aqui.

O Mosaico Sertão Veredas–Peruaçu é um conjunto de áreas protegidas localizadas na margem esquerda do Rio São Francisco, entre as regiões norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia. As unidades de conservação federais são geridas pelo ICMBio e as estaduais pelo IEF-MG  Mais informações neste site.

O Instituto Biotrópicos é uma organização não-governamental com sede em Diamantina, Minas Gerais. O Instituto desenvolve projetos de conservação da natureza e sócio-ambientais na Serra do Espinhaço e no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu desde sua fundação em 2003, e fez parte do conselho consultivo deste mosaico por quase 10 anos.

Fundada em 1826 no coração de Londres, a (University College London (UCL) é uma das principais universidades do mundo, com mais de 13 mil funcionários e 42 mil estudantes de 150 países diferentes. A Zoological Society of London (ZSL) é uma organização não-governamental internacional que trabalha para criar um mundo em que a vida selvagem possa prosperar, envolvendo ciência de ponta, ações de conservação em campo, e a conscientização de milhões de pessoas através de dois zoológicos, o Zoo de Londres e o Zoo de Whipsnade.

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