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Brasil é responsável por um terço da perda de florestas virgens no mundo

Publicado em Catástrofe ambiental, Mudanças climáticas

No ano passado, o Brasil foi responsável por um terço da devastação de florestas virgens no mundo, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (2/6) pelo Global Forest Watch, organização que mantém uma plataforma on-line de monitoramento de florestas. Para especialistas, além dos riscos para o planeta, isso destrói ainda mais a já combalida imagem do país no exterior, sobretudo no que tange a políticas ambientais.

De janeiro a dezembro de 2019, o Brasil perdeu cerca de 1,3 milhão de hectares (13.610 km²) de floresta tropical virgem — um terço do que foi perdido em todo o planeta. A área é maior do que a cidade de Sidney, na Austrália, que tem 12.144 km². O relatório apontou que o mundo perdeu 3,8 milhões de hectares de florestas primárias tropicais.

Especialistas explicam que são consideradas florestas virgens as não afetadas pela ação humana e, por isso, têm mais diversidade de espécies, armazenam mais carbono e são essenciais no combate à mudança climática.

No Brasil, 95% da perda ocorreu na Amazônia, revelou a organização, que usa dados da Nasa, do Google e do Serviço Geológico dos Estados Unidos em monitoramento por satélite feito pela Universidade de Maryland (EUA). As principais ações são queimadas e desmatamento.

Em segundo e terceiro lugares, a República Democrática do Congo e a Indonésia tiveram reduções de 475,2 mil hectares e 323,6 mil hectares, respectivamente. Por conta de incêndios que ocorreram em agosto de 2019 em áreas de alta biodiversidade, a Bolívia está em quarto lugar da lista, com perda de 290,4 mil hectares.

Risco

Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, não justifica o Brasil ser o maior responsável pela devastação por também ter a maior floresta do mundo. “Ter mais florestas é um privilégio, ter mais desmatamento é um problema. Isso deprecia a nossa imagem como país”, avaliou. Segundo ele, o país deveria estar cuidando do patrimônio. “É nosso, mas afeta o planeta inteiro. Isso é péssimo para as mudanças climáticas. Sem preservar a Amazônia, podemos perder essa briga”, lamentou.

Astrini também alertou o quanto isso é perigoso, sobretudo em um momento em que o planeta vive uma pandemia por conta de um vírus. “A devastação da Amazônia é um risco muito grande para a saúde do planeta. É o lugar mais rico em vida, com imenso estoque de vírus. Quanto mais a gente avança na floresta, maior o risco de ter novas zoonoses”, destacou.

Com o nível de desmatamento da Amazônia, Astrini estimou que o surgimento de novos vírus é só questão de tempo. “Não se trata de se, mas de quando isso vai ocorrer se continuarmos a avançar na floresta”, disse.

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