O desmatamento e a Covid-19 avançam sobre a floresta e os povos indígenas. Uma análise dos dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que, nos quatro primeiros meses de 2020, os alertas de desmatamento em terras indígenas da Amazônia brasileira aumentaram 59%, em comparação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados do Deter, o desmatamento em terras indígenas chegou a 1.319 hectares nos quatro primeiros meses deste ano — o equivalente a 1,8 mil campos de futebol –, enquanto, no mesmo período do ano passado, esse número era de 827 hectares.
O mapa abaixo, produzido pelo Greenpeace, mostra como o desmatamento está atingindo as terras indígenas:
Os dados reforçam o alerta que madeireiros, grileiros e garimpeiros avançam de forma descontrolada na floresta, além de poderem ser a porta de entrada para que o vírus chegue nas comunidades. Com duas medidas, o atual governo parece apoiar as invasões. Enquanto a Instrução Normativa 9 da Fundação Nacional do Índio (Funai) retira a proteção das terras indígenas, a Medida Provisória 910/2019 promete a regularização de terras públicas que tenham sido invadidas até 2018. A MP tem até o dia 19 de maio para ser votada para não caducar.
“Estamos testemunhando a pandemia se espalhar pela Amazônia de maneira bastante rápida, o que pode causar um outro genocídio indígena, enquanto o governo fecha os olhos para os que cometem crimes na floresta. Isso é inaceitável. Precisamos agir — com a urgência que se faz necessária — para cuidar de quem cuida da floresta. Diante da ausência do Estado vamos continuar exercendo um importante papel para manutenção do espaço democrático, prosseguiremos monitorando e denunciando, juntamente com parceiros, atividades que colocam em risco a saúde e o territórios dos povos indígenas”, informa Carolina Marçal, porta-voz da campanha de Florestas do Greenpeace Brasil.
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