Focos de incêndio no Pantanal atingem maior patamar em 10 anos

Publicado em Catástrofe ambiental, Denúncia

Seis meses após um dos piores períodos de incêndios florestais dos últimos anos, os registros de satélites no Pantanal em 2020 preocupam. De janeiro a abril de 2020, foram registrados 1.456 focos de incêndio ante 674 no mesmo período de 2019. Isso indica que a ocorrência de queimadas na região mais que dobrou de um ano para o outro, com aumento de 116%. O número é o maior dos últimos 10 anos e, aproximadamente, seis vezes maior que a média deste período.

A área queimada nos quatro primeiros meses de 2019 foi de 1.172 km². Em 2020 já foi de 1.628 km², aumento de 38%, percentual que deve se elevar ainda mais com a crescente detecção de focos de calor. Os maiores focos estão no localizados no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e áreas próximas da Serra do Amolar. Veja no quadro abaixo o salto nos focos de incêndio este ano.

Focos de incêndio

Júlio Sampaio, gerente do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, diz que a situação é bastante atípica este ano. “Choveu bem menos na época úmida. Segundo dados da Embrapa, só choveu a metade do que era esperado para o período. O nível da água praticamente não subiu. As lagoas que deveriam estar cheias de jacaré estão secas. E o fogo voltou a aparecer com força”, conta. O período não é de combate, mas de planejamento para a seca. No entanto, em Mato Grosso do Sul, quatro aeronaves estão fazendo combate diário.

“O combate é um desafio, ainda mais agora em tempos de pandemia. São áreas isoladas, com acesso por barco pelo rio ou por aeronaves. Qualquer trânsito, neste momento, é uma preocupação a mais nos municípios”, ressalta.

A fumaça e fuligem geradas pelos incêndios também preocupam. “Isso vai pressionar ainda mais o sistema de saúde, além de representar mais risco de contaminação pelo novo coronavírus, uma vez que afeta o sistema respiratório”, explica Sampaio.

Segundo o especialista, a legislação ambiental é forte sobre a restrição do fogo, no entanto não é respeitada e a fiscalização é falha. “O proprietário rural precisa de autorização e comunicar o uso do fogo. O que se percebe é que a autorização não é solicitada, o incêndio é feito no período que não podia, com maior propagação”, lamenta.

O município mais afetado, Corumbá (veja no quadro acima), é principal responsável pela produção de gado no Pantanal. “O fogo vem sendo utilizado para renovação das pastagens. E isso aumenta o risco de incêndio”, diz Sampaio.

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*