Desmatamento: risco de retroceder 30 anos em proteção à Amazônia

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Os dados divulgados nesta segunda-feira (18/11) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de que o desmatamento anual na Amazônia medido entre 1º de agosto de 2018 a 31 de julho de 2019 é o maior para o período em um intervalo de 10 anos, revelam o que já se sabia desde a crise que culminou com a demissão do ex-presidente do órgão, Ricardo Galvão, no início de agosto: o país pode retroceder 30 anos em termos de proteção à Amazônia.

O controle anual do desmatamento na Amazônia Legal é o feito pelo Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes) e apontou 9.762 quilômetros quadrados (km²) de área atingida, aumento de 29,5% em relação ao registrado no ano passado. O sistema Deter (levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia), também do Inpe e criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, não estava tão equivocado assim, no fim das contas. “Desde 2012 estamos vivendo um crescimento”, disse o presidente do Inpe, Darcton Policarpo Damião.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo está atento. Mas reconheceu que o aumento, desde 2012, ocorre pela pressão das atividades econômicas. “Precisamos ver as estratégias e alternativas econômicas na região. Alguma coisa estruturante precisa ser feita”, declarou durante entrevista coletiva para a divulgação dos dados.

Retrocesso

Para os ambientalistas, os dados não são nenhuma novidade. “Os números do Prodes confirmam o que o Deter e sistemas independentes já vinham apontando: o desmatamento vem crescendo vertiginosamente. Se o governo federal não modificar profundamente sua postura em relação ao tema, tende a crescer ainda mais no próximo ano, fazendo com que o país retroceda 30 anos em termos de proteção à Amazônia”, afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil.

“Quem ganha com isso? Certamente não são os indígenas, ribeirinhos ou outros moradores tradicionais da região que estão vendo os madeireiros e garimpeiros roubarem suas terras. Também não são os agricultores de outras regiões do país que sofrerão com a diminuição das chuvas, consequência natural do desmatamento na Amazônia. Não podemos mais tolerar a ilegalidade na região”, destaca.

Para Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace, os números alarmantes refletem o projeto antiambiental do presidente Jair Bolsonaro. “Estamos colhendo o que o governo plantou. Ao sucatear a capacidade de combater o desmatamento, favorece quem pratica crime ambiental e estimula a violência contra os povos da floresta”, diz.

Conforme o Greenpeace, a tendência é que a destruição só aumente. Segundo dados do Deter, os três primeiros meses que compõem o próximo período do Prodes (agosto a outubro deste ano) indicaram um crescimento de cerca de 100% da área com alertas de desmatamento na comparação com o mesmo período de 2018. “O aumento de quase 30% revelado pelo Prodes já é o terceiro maior crescimento percentual da história, desde 1988”, alerta Cristiane Mazzetti.

Desmatamento

Sobrevoo em setembro de 2019 / Foto: Fábio Nascimento/Greenpeace

O Greenpeace fez um sobrevoo pelo estado do Pará em setembro de 2019 e registrou garimpos ilegais, extrativismo de madeira ilegal, queimadas desastrosas, campos gigantescos para gado.

simonekafruni

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