Até quando o Planeta vai aguentar a teimosia do governo brasileiro?

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A teimosia do governo brasileiro e as atitudes infantis do presidente Jair Bolsonaro em relação ao presidente da França, Emmanuel Macron, já garantiram vergonha alheia para grande parte da população do país. Porém, enquanto as picuinhas se desdobram em novos capítulos, como o Palácio do Planalto não aceitar ajuda internacional para combater os incêndios, a Amazônia queima.

Até quando o Planeta vai aguentar?

O presidente Jair Bolsonaro, que negou na noite de segunda-feira (26/8), aceitar uma ajuda de 20 milhões de euros oferecida pelo G7 (grupo das sete maiores economias do mundo) para combater as queimadas na maior floresta do mundo, nesta terça decidiu condicionar o aceite a um gesto do presidente francês. Bolsonaro quer que ele “retire os insultos”.

“Para conversar ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras. Daí a gente pode conversar”, disse. O presidente também voltou atrás, mais uma vez, ao afirmar que ele próprio não teria rejeitado o dinheiro. “Eu falei? Jair Bolsonaro falou?”, questionou . Na noite da segunda-feira, a informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

Em declaração no G7, Macron afirmou que o presidente Bolsonaro mentiu ao dizer que estava firme diante do Acordo de Paris e ofendeu a primeira-dama francesa. Em uma publicação de um seguidor que comparava a beleza de Michelle Bolsonaro com a de Brigitte Macron, Bolsonaro comentou: “Não humilha cara. Kkkkkkk”. Macron disse ainda que os brasileiros deviam estar com vergonha do seu atual presidente.

Após a oferta da ajuda, Bolsonaro já havia desdenhado, atacando o presidente francês e colocando sob suspeita interesses de países ricos na região amazônica. Para os ambientalistas e povos indígenas que sofrem diretamente com os incêndias, a questão ultrapassa o querer ou não do presidente Bolsonaro.

Povos Indígenas

Mario Nicacio, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o governo brasileiro tem de aceitar a ajuda internacional. “Esse é um trabalho de proteção florestal que ultrapassa fronteira, é uma responsabilidade de Estado, não é que o Bolsonaro quer ou não quer, o país é signatário de acordos internacionais”, afirmou. “Os povos indígenas estão sofrendo com a falta de responsabilidade do presidente atual”, acrescentou.

O World Wide Fund for Nature (WWF) explica no seu site brasileiro (clique aqui) por que a Amazônia é tão importante para o planeta. “É um ecossistema único e insubstituível. É a maior floresta tropical e o sistema fluvial mais extenso do planeta. Seus 6,7 milhões de quilômetros se estendem por nove países e habitam 10% das espécies do planeta.

O bioma é primordial para o bem-estar da humanidade: ajuda a estabilizar o clima e o ciclo hidrológico no mundo todo e gera inúmeros serviços ecossistêmicos que promovem a segurança alimentar e garantem água e energia para toda região. Esse tesouro natural é lar de 34 milhões de pessoas, incluindo mais de 350 povos indígenas, alguns deles vivendo em isolamento voluntário.”

O WWF também destaca qual o papel da Amazônia na provisão de água e na luta contra a crise climática. “É simples: se não conservarmos a Amazônia, perderemos a luta contra a crise climática. O bioma possui as maiores reservas de carbono do mundo que podem se perder caso avance o desmatamento, ocasionando ainda a liberação de milhões de toneladas de gases de efeito estufa, piorando o cenário climático.”

Por outro lado, continua a organização ambiental, a Amazônia tem um papel fundamental na regulação do clima porque recicla sua própria água, gera umidade e permite um clima adequado na América do Sul, mesmo em regiões mais afastadas do bioma, que abriga 20% da água doce do planeta, com mais de 1 milhão de km2 de ecossistemas do recurso hídrico nos países da região.

Para saber mais

Historicamente, os incêndios da Amazônia estão ligados ao desmatamento para a expansão agropecuária. Queimar a floresta tem sido uma das técnicas mais usadas para converter o solo para a agricultura e pecuária. As queimadas provocadas são iniciadas como incêndios controlados, mas alguns fogem do controle. O desmatamento para cultivo fragmenta a floresta e favorece a propagação do fogo.

O que está acontecendo no Brasil não é exceção. Segundo dados do IPAM, os 10 municípios em que há mais incêndios são os mais desmatados. Vale ressaltar que a estação seca deste ano ocorre dentro da normalidade, portanto não pode ser atribuído ao clima o grande número de incêndios do momento.

Combater o incêndio requer recursos. O fogo e os incêndios florestais são causados pela ação do homem, começando pelo desmatamento. As políticas públicas devem atuar para acabar com o desmatamento da Amazônia.

simonekafruni

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