Resíduos que vão parar em aterros sanitários podem virar energia limpa

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O Brasil desperdiça resíduos sólidos que poderiam gerar energia limpa, mas, ao invés disso, abarrotam aterros sanitários, contaminando preciosos mananciais de água doce. Mais de um terço do que é produzido no país, cerca de 35%, poderia ser queimado em usinas com os devidos filtros para evitar a emissão de gases de efeito estufa, gerando eletricidade e dando uma solução aos lixões.

O processo, chamado Waste-to-Energy (WTE), faz a recuperação energética de resíduos e já é uma realidade em vários países, com mais de 2 mil usinas em operação no mundo. Concebida para apoiar políticas e tecnologias capazes de dar um destino mais útil para o lixo, a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) será lançada oficialmente no dia 24 de setembro, às 18h, em Brasília, justamente para incentivar o WTE no país. Uma única usina foi recentemente instalada, em Barueri (SP).

Presidente da Abren, Yuri Schmitke

O presidente executivo da Abren, Yuri Schmitke, destacou que o Brasil tem desperdiçado resíduos que poderiam servir como combustível para a produção de energia. “Como não há aproveitamento, o material vai parar em aterros e há risco de contaminação da água potável”, explicou.

Apesar de gerarem energia a partir da queima, as usinas de WTE utilizam tecnologia e filtros potentes, para reduzir a emissão de gás carbônico (CO2), disse Schmitke. “O ar que sai das usinas após a queima é mais limpo do que o da cidade de São Paulo”, garantiu. Além disso, o metano dos aterros tem potencial de causar efeito estufa 25 vezes maior do que o CO2.

Segundo o presidente da Abren, a ordem natural para os resíduos deveria ser: reciclagem, compostagem (decomposição de material orgânico para uso como fertilizante), recuperação energética e, em último lugar, o aterro sanitário. No Brasil, no entanto, há pouco incentivo para um dos elos da cadeia, o WTE, que, além de produzir energia elétrica, ainda reduz o volume de rejeitos que acabariam nos aterros. “Para isso, as usinas de WTE precisam de tarifa. O mesmo valor que é cobrado hoje para o aterro, de R$ 80 a R$ 100 por tonelada”, defendeu.

Dados da associação apontam que o Brasil produz 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e apenas 4% são destinados a reciclagem e compostagem. “O potencial é reciclar 35% e incinerar 35% para produzir energia (WTE). Isso garante um aproveitamento de 70% . Dos 30% restantes, o material orgânico pode ser utilizado para produção de biogás. Sem desperdício nenhum”, destacou.

Criada em 2019, a Abren pretende promover a sinergia entre os setores público e privado, seja regulatório ou técnico, por meio de convênios, eventos, participação em audiências e consultas públicas, para estimular a geração de empregos e mais sustentabilidade ao país.

simonekafruni

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