O Ministério do Planejamento faz alarde de que a situação das estatais federais está melhorando ano a ano, mas não é isso o que se constata na realidade. Basta dar uma olhada mais profunda nos balanços da Infraero e da Telebras para ver que a situação vai de mal a pior. As duas empresas têm multiplicado seus prejuízos a cada exercício.
Em 2017, as perdas da Infraero, que administra 54 aeroportos, já consideradas a privatizações dos terminais de Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador, chegaram a R$ 1,8 bilhão, quase triplicando em relação às perdas de R$ 751,6 milhões no ano anterior.
O que chama a atenção é que a Infraero registrou prejuízos mesmo tendo recebido injeção de R$ 3 bilhões do Tesouro Nacional. Foi graças a esse aporte que a empresa voltou a ter patrimônio líquido, agora, de R$ 1,2 bilhão. Sem essa bolada, mesmo que vendesse todo o patrimônio, a Infraero ainda ficaria com um rombo de R$ 3,9 bilhões.
O pior, ressalta o Grupo Maciel, responsável pela auditoria externa da Infraero, é que não se pode confiar nos números apresentados pela empresa. Ou seja, a situação pode ser pior do que a retratada no balanço de 2017. Em ressalvas nas demonstrações financeiras da estatal, os auditores dizem que “a empresa não apresentou controles internos suficientes para garantir que as informações contábeis estão registradas de forma apropriada”.
No caso da Telebras, que foi ressuscitada durante os governos de Lula e de Dilma Rousseff, o prejuízo em 2017 alcançou R$ 1,1 bilhão, aumentando 43% em relação ao rombo do ano anterior, de R$ 769,6 milhões. Em seu balanço, a estatal garante que 2017 foi um ano histórico, porque “selou sua marca como uma empresa pioneira em telecomunicações via satélite”.
Para se manter de pé, porém, a Telebras também teve que receber recursos do Tesouro Nacional, uma montanha de R$ 1,3 bilhão, conforme balanço avaliado pela Taticca Auditores Independentes.
Não se sabe por quanto tempo o governo terá que enfiar dinheiro nessas estatais para cobrir os buracos no caixa. O certo é que, enquanto estiveram sendo entregues a políticos, certamente nunca conseguirão andar com pernas próximas, sem o dinheiro dos contribuintes.
Brasília, 16h30min