Representatividade dá o tom da estreia da série Pose, na Fox

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Com personagens negros e transgêneros como protagonista, Pose vem para marcar época. Bom texto e interpretações convincentes são trunfos

O canal Fox Premium estreia nesta sexta-feira (28/9) a série Pose, de Ryan Murphy. Mais do que um novo seriado, a atração chega marcando a história por ter o maior elenco LGBTQ da história e por ser a primeira a contar oficialmente com legendas inclusivas. Os episódios vão ao ar toda sexta-feira, às 22h, no Fox Premium 1. Além disso, a primeira temporada estará completa para os assinantes do FOX App.

Pose tem oito episódios que trazem de volta os EUA dos anos 1980, com toda a diversidade, o colorido e as angústias da época. Estão ali a subcultura dos ballrooms do Harlem, o surgimento do universo de luxo da era Trump, o universo social, artístico e literário da cidade e as manifestações sexuais e culturais do momento.

Mas o grande trunfo de Pose é mesmo a abordagem do universo LGBTQ+, numa época em que os homossexuais sofriam com preconceitos e com a desinformação a respeito da Aids, uma nova epidemia sobre a qual não se sabia muito ainda.

Essa diversidade chega ao elenco, que conta com várixs atorxes transgênerxs, como MJ Rodriguez, Dominique Jackson, Indya Moore, Hailie Sahar e Angelica Ross. O elenco ainda tem Ryan Jamaal Swain, Dyllón Burnside e Angel Bismark Curiel, Evan Peters, Kate Mara, James Van Der Beek, Billy Porter e Charlayne Woodard.

O Próximo Capítulo assistiu ao episódio de estreia de Pose e te conta o porquê você deve dar uma chance à série. Mas atenção: se você não curte spoilers, pare de ler por aqui!

Confira a crítica da estreia de Pose!

A estética oitentista enche os olhos em Pose
A estética oitentista enche os olhos em Pose

A primeira cena de Pose é alucinante tanto no ritmo quanto na quantidade de informações. Liderado por Mama, uma grupo rouba acessórios de roupas da realeza para serem usadas em um concurso de desfile de moda temática. Na tela, são 10 minutos entre o planejamento, o corre-corre da operação e o momento triunfal do desfile. Tudo de um fôlego só, com mil referências à década de 1980 (das cores à trilha sonora). Ufa! O início de Pose é eletrizante, o que não é necessariamente bom ー confesso que pesou um pouco.

Mas depois desta sequência, vem a vinheta de abertura e, quando volta, Pose está mais calma, dramática na medida certa e se dedica, neste primeiro episódio, a nos apresentar aos protagonistas Blanca (MJ Rodriguez), Damon (Ryan Jamaal Swain) e Angel (Indya Moore). Os três vão morar juntos numa espécie de república para ganhar as batalhas nos desfiles promovidos por Pray Tell (Billy Porter), um divertido gay, um tantinho caricato.

A década de 1980 é tratada por muita gente como uma época rasa, de poucas lutas e muitas cores. Mas é exatamente o contrário que se vê em Pose. A série da Fox fala especialmente sobre os sonhos de uma comunidade transgênero ou negra que luta para a realização deles da maneira mais justa possível.

É claro que os exageros e a estética oitentista estão em Pose, o que nos garante momentos de respiro e de pausa entre os vários dramas bem apresentados. Tem desde a expulsão de Blanca de casa quando era um adolescente de 17 anos e teve a sexualidade “descoberta” pelos pais à prostituição de Angel, que sai e se apaixona por um homem casado e com filhos, Stan Bowes (Evan Peters).

É importante notar que o texto de Pose é muito bom, com gírias da época e tiradas maravilhosas como a que fala mal do então apresentador e empresário Donald Trump. As palavras ganham vida em interpretações convincentes e uniformes, sem que alguém se sobressaia sobre um colega.

Um capítulo à parte é a inclusão social proposta em Pose. De personagens majoritariamente negros a atores trans vivendo personagens trans, passando pelas legendas que, quando se referem a esses personagens, adotam o “x” como um indicativo neutro de gênero. Longe de estar no catálogo apenas para fazer pose, a série tem a cara do século 21. Tomara que tenha vindo pra ficar!