Semana passada, foi divulgado um vídeo emocionante do Maurício de Sousa revelando o elenco da versão live action de Laços, dos irmãos Cafaggi. Eu mesmo estou ansioso tanto para ver como ficará a Graphic Novel nas telas do cinema quanto para ler a última edição da HQ, que será lançada na Comic Con Experience em São Paulo no fim do ano. Essa edição encerrará o arco de histórias que começou em 2013 e teve sua continuação, Lições, publicada em 2015.
Assista ao vídeo:
Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte:
Você leu Laços?
Laços é uma Graphic Novel do Selo MSP Graphic, da Mauricio de Sousa Produções. Escrita e ilustrada por dois mineiros supertalentosos, os irmãos Vitor e Lu Cafaggi, foi lançada pelo selo Panini e, no momento, está esgotada em muitos lugares. Motivos não faltam para tanta procura: nostálgica, meiga e doce são bons adjetivos para descrever essa revista.
Nossa história começa com uns flashbacks iniciais mostrando o Cebolinha e o dia em que ganhou seu cachorro Floquinho. Logo depois, passamos ao bom e velho jogo de gato e rato que sempre rola depois de um dos planos infalíveis. O Cascão e o Cebolinha fugindo para não tomarem aquela coelhada da Mônica geram um momento bem bacana; pois, enquanto correm, imagens apresentam ao leitor o bairro do limoeiro e alguns dos amigos da turminha como o Titi, a Aninha, a Maria Cascuda, a Denise, o Jeremias e o Xaveco (até mesmo seu Juca, do carrinho de cachorro-quente, está lá).
Somente depois disso a história de fato começa, com o Cebolinha chegando em casa e descobrindo que o Floquinho havia fugido. O momento em que seu Cebola surge de cabeça baixa sem conseguir encarar o filho não precisa de palavras para mostrar o que o Floquinho significava para o Cebolinha. Na mesma hora, me veio à mente a fala da raposa do Pequeno Príncipe, de Saint Exupery: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” O detalhe é que, nesse caso, é difícil dizer quem cativou quem primeiro (para mim foi empate). A fim de encontrar Floquinho, a nossa turminha se junta e mostra o quão forte realmente são os laços que existem entre seus membros. A partir daí, acompanhamos o grupo numa aventura regada de flashbacks e ação como um filme de uma boa e velha Sessão da Tarde que aguardávamos ansiosamente. Aliás, Laços me remeteu também aos livros da série Vagalume e até mesmo alguns do Pedro Bandeira, como os da turma dos Karas.
Recheada de tributos a filmes como Rocky, Conta comigo, De volta para o futuro, Curtindo a vida adoidado, Warriors (para mim até ET) e a personagens de outras revista como Luluzinha – a Turma da Outra Rua parecia muito a Turma do Bolinha –, em todos detalhes os irmãos Cafaggi nos mostram um belo trabalho com um roteiro que tranquilamente poderia ser transportado para uma animação (seria da hora ver as Graphics MSP em animação).
Os traços dos personagens são um show à parte. Apesar do desenho diferente, todas as características de cada um estão por lá: a Mônica pode não ser tão dentuça nem a Magali comer uma melancia como antigamente, mas está tudo lá.
O detalhe de cada cena que mostra características que marcaram minha infância, como o Manual do Escoteiro Mirim, o caminhão de lata do cascão, os bonequinhos do He-Man e Thundercats do Cebolinha, fizeram minha cabeça explodir. Para os fãs, também geram momentos de grande alegria as referências às historinhas antigas da turma como “A dona da rua”, as “Balas Bilula” e o desenho “Como atravessar a Sala”.
Após terminar a leitura, bateu a lembrança da importância dos laços que criamos em nossas vidas, não qualquer laço, mas aquele como o da turminha, que nunca irá desatar.
Em 2014, Laços ganhou o troféu HQ Mix de melhor edição especial nacional e melhor publicação infantojuvenil. Lu também levou a premiação como melhor nova desenhista e, junto com o irmão, como melhor roteirista.
Recomendo a quem quiser procurar conhecer os outros trabalhos dos irmãos, como Valente, do Vitor Cafaggi, e Mixtape, da Lu Cafaggi. Outros trabalhos que valem a pena são Puny Parker, Duo.tone e participações em Hqs como Pequenos Heróis (lançado pela Devir), Futuros Heróis (lançado pela Desiderata) e 321: Fast Comics.
Já para aqueles que nunca tinham ouvido falar do selo Graphic MSP, vale dizer que ele nasceu das publicações MSP50, MSP +50 e MSP Novos 50. Em cada revistas, cinquenta autores brasileiros de quadrinhos escolhidos a dedo puderam mostrar sua visão e versão para os personagens criados pelo Maurício de Sousa.
A escolha do Vitor veio exatamente do seu trabalho publicado na MSP50, com uma historinha do Chico Bento que levou às lágrimas até mesmo o próprio Maurício de Sousa.
No mais, só tenho a agradecer aos Irmão Cafaggi, ao Mauricio de Sousa e ao Sidney Gusmão por nos trazerem tão grandiosa obra literária.
Texto por:
“So Long and thanks for all the fish!”
Mallien