ROSANA HESSEL
Depois de a atividade econômica crescer apenas 0,1% no terceiro trimestre do ano, os primeiros indicadores do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos três meses de 2023 confirmam o processo de desaceleração mais acentuada, o que deverá confirmar as previsões de PIB negativo no 4º trimestre do ano. Pelas estimativas da MB Associados, o PIB deverá encolher 0,4%, entre outubro e dezembro na comparação com o três meses anteriores.
O volume de vendas do varejo desacelerou em outubro e registrou queda de 0,3%, após crescer 0,5% no mês anterior, na série com ajuste sazonal, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (14/12). Ontem, o órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento divulgou queda de 0,6% no volume de serviços, que mais empregam e têm um peso maior no PIB, em torno de 70%, e ajudam a frear o avanço da atividade no trimestre.
A queda na margem ficou abaixo do esperado pelo mercado (alta de 0,4%) e foi registrada em cinco das oito atividades pesquisadas: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,7%), tecidos, vestuário e calçados (-1,9%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,8%), combustíveis e lubrificantes (-0,7%) e móveis e eletrodomésticos (-0,1%). Na comparação com o mesmo mês de 2022, o avanço foi de 0,2%, e, no acumulado do ano, a variação foi positiva em 1,6%. No acumulado em 12 meses, a alta foi de 1,5%.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas teve um desempenho pior: queda de 0,4% frente ao mês imediatamente anterior, após andar de lado em setembro, na série sem ajuste sazonal da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). Com isso, o varejo ampliado está 1% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
A média móvel trimestral para o varejo ampliado foi de 0,1% no trimestre encerrado em outubro de 2023, conforme os dados do IBGE. Na série sem ajuste sazonal, o varejo ampliado cresceu 2,5% frente a outubro de 2022, oitavo resultado positivo consecutivo. No acumulado no ano foi de 2,4%, e, em doze meses, de 1,8%.
Após a divulgação dos dados do IBGE, o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves alertou para as perspectivas ruins para o fechamento do ano, e para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que será divulgado amanhã pelo BC. “O consumo das famílias sustentou, junto às exportações, a alta do PIB no terceiro trimestre. A estimativa para o IBC-Br do mês, que o BCB divulga no próximo dia 20, é de queda de 0,2%, e, se for assim, o indicador se aproxima do PIB e entra no quarto trimestre em queda de 0,4%”, disse o analista. Ele lembrou que, como os juros continuam elevados e o crédito com recursos livres não aumenta, “a perspectiva negativa se estende a 2024”.