Para um dos ministros ouvido pelo Blog, o presidente da República está disposto a cruzar a linha de segurança, mas, se fizer isso, terá de aguentar todas as consequência. Diz ele: “Vamos resistir”. Para esse ministro, Bolsonaro está agindo com desespero e perdendo a noção da realidade. “Esse comportamento do presidente só complica um quadro que já é dramático”, frisa.
O ministro lembra que Bolsonaro já se desentendeu com o Congresso e, agora, quer impôr sua vontade ao Supremo, mesmo que isso signifique passar por cima da lei. Ele lembra que a presença de dois integrantes do Supremo — Dias Toffoli e Gilmar Mendes — na posse do novo ministro da Justiça, na quarta-feira (29/04), foi um sinal importante de que a Corte está disposta ao diálogo.
Portanto, destaca o ministro, seria importante que o presidente da República baixasse o tom para que as instituições possam continuar funcionando dentro da normalidade. É isso, acrescenta ele, que todos esperam neste momento dramático, em que a pandemia do novo coronavírus faz um número cada vez maior de mortes e a economia está caminhando para o colapso.
Desafio
Na manhã desta quinta-feira (30/04), Bolsonaro acusou Moraes de decidir de forma “política” a suspensão da posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF. Segundo o presidente, a decisão “quase” criou uma “crise institucional” entre o Palácio do Planalto e a Corte e disse ver brecha para que seja descumprida.
“Essa decisão do senhor Alexandre de Moraes ontem (29/04), tá certo, no meu entender falta um complemento para mostrar que não é uma coisa voltada pessoalmente para o senhor Jair Bolsonaro. Falta ele decidir se o Ramagem pode ou não continuar na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). É isso que eu espero dele”, afirmou, antes de embarcar para Porto Alegre, onde participa de solenidade do Exército. “Se ele (Moraes) não se posicionar, está abrindo a guarda para eu nomear o Ramagem independentemente da liminar dele. É isso que nós não queremos. Queremos o respeito de dupla mão entre os Poderes”, ressaltou.
Como se sabe, a Constituição Federal trata o descumprimento de decisões judiciais como crime de responsabilidade. O Supremo não deixará barato.
Brasília, 12h01min