UE mergulha em recessão histórica devido à pandemia

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ROSANA HESSEL

Enquanto a Europa já registra casos de uma segunda onda de contágio pandemia de covid-19, os estragos econômicos da primeira onda estão sendo sentidos pela União Europeia, que está oficialmente em recessão após a confirmação de dois trimestres consecutivos de queda. O processo de retomada, segundo analistas, ainda é incerto.

Conforme dados do Escritório Europeu de Estatísticas (Eurostat) divulgados nesta sexta-feira (31/07), o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro registrou queda histórica de 12,1% no segundo trimestre de 2020, como resultado das medidas de confinamento em meio à pandemia global. O dado referente à variação em relação ao trimestre imediatamente anterior ficou em linha com as estimativas de mercado.

O Eurostat informou no comunicado que é o bloco europeu atravessa a maior e mais importante retração econômica desde o início da série histórica, em 1995. No primeiro trimestre do ano, o recuo do PIB dos 19 países que compartilham o euro como moeda única foi de 3,6%. Já no conjunto dos 27 países da União Europeia (UE), o PIB caiu 11,9% no segundo trimestre.  Nos primeiros três meses do ano, PIB da UE recuou 3,2%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a queda do PIB da Zona do Euro foi de 15%. Já o PIB da União Europeia encolheu 14,4% na mesma base de comparação.

A consultoria Oxford Economics destacou que os dados do segundo trimestre confirmaram que o resultado do PIB da Eurozona fez o grupo registrar “a pior recessão em sua curta história” no primeiro semestre, com queda acumulada de mais de 15% de janeiro a junho. “O cenário é ainda mais sombrio se considerarmos o PIB per capita, que para o bloco como um todo está agora em linha com o do início dos anos 2000”, informou a nota da companhia.

Conforme os dados da Oxford, o resultado do segundo trimestre não diz muito sobre a recuperação em andamento e sua intensidade. “Os dados recentes, como consumo e vendas no varejo, permanecem positivos e apontam para uma recuperação mecânica no terceiro trimestre, mas sua magnitude ainda está sujeita a incerteza”, segundo o documento. A consultoria ainda frisou que, daqui para frente, a retomada “pode ser mais lenta do que a experimentada até agora”.

Queda generalizada

Após a Alemanha, Áustria e Bélgica computarem quedas em seus respectivos PIBs no segundo trimestre, de 10,1%, 10,7% e de 12,2%, respectivamente, hoje foi a vez da divulgação dos resultados do PIB entre abril e junho de Itália (-12,4%), França (-13,8%), Portugal (-14,1%) e  Espanha (-18,5%).

As estimativas da Comissão Europeia para o PIB da Zona do Euro são de queda de 8,7%, com alta de 6,1% do PIB em 2021. Pelas previsões da consultoria Oxford Economics, o PIB da zona do Euro deverá recuar 8% neste ano.

Vicente Nunes