Um dos pedidos partiu de Thiago Allan de Freitas, que foi sequestrado e libertado pela política. Ele requisitou à embaixada do Brasil em Quito a repatriação de seus três filhos, todos menores. Thiago informou, no entanto, que continuará no Equador, onde mantém um comércio de churrasco.
As famílias — uma de três pessoas, outra de cinco e a terceira, de Thiago — alegam não ter condições de bancar as despesas de todos os seus integrantes para retornar ao Brasil. O Itamaraty pediu alguns dias para se posicionar. Há uma determinação da Defensoria Pública da União (DPU) para que essas pessoas sejam declaradas hipossuficientes para ter direito à ajuda do governo.
O Itamaraty também está averiguando se alguém dessas famílias já foi repatriado alguma vez. A lei não permite uma segunda ajuda do governo para a volta ao Brasil. Por isso, o processo ainda não foi concluído.
Até 7 mil brasileiros no Equador
No total, a embaixada do Brasil em Quito estima que entre 5 mil e 7 mil brasileiros vivam no Equador atualmente. Não se sabe o número exato, porque muitas dessas pessoas não se registraram junto à representação do país.
Diante dessa dificuldade de contato, a embaixada e os consulados têm feito campanhas em todo o Equador para que os brasileiros informem seus paradeiros a fim de que, em casos extremos, sejam contactados.
Diplomatas brasileiros no Equador afirmam que a situação no país está mais calma, mas a aparente tranquilidade é precária. O governo de Daniel Noboa conseguiu retomar o controle dos presídios e prendeu mais de 2,3 mil pessoas.
A violência, porém, continua latente, explicam os diplomatas. O Equador faz fronteiras com os dois países que mais produzem cocaína no mundo, a Colômbia e o Peru. Assim, tornou-se estratégico para o escoamento das drogas para os Estados Unidos e a Europa.
Não será em tempo tão curto que a gravíssima situação será revertida. O narcotráfico está enraizado em todos os Poderes, um contraste com 20 anos atrás, quando o Equador era um dos países com as menores taxas de criminalidade da América Latina.
Em meio a essa triste realidade, turistas brasileiros que tinham viagens marcadas para o Equador decidiram adiar ou mesmo cancelar as passagens e os hotéis. O temor é de serem engolfados por uma nova onda de violência que venha a tomar conta do país.
A recomendação dos diplomatas aos turistas que têm feito consultas à embaixada sobre a situação no Equador é para que tenham cuidado, pois há uma guerra civil em curso. O principal destino dos brasileiros no país é a Ilha de Galápagos.