Trabalhadores do DF recolhem 26% de todo o IR pago no país

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De cada R$ 100 pagos em Imposto de Renda em todo o país, R$ 26 saem dos contracheques de trabalhadores do Distrito Federal. Essa relação só é menor do que em São Paulo, segundo dados da Receita Federal. A capital do país tem, no entanto, um grande diferencial: mesmo tendo um número pequeno de trabalhadores em relação aos maiores centros urbanos, os salários são muito elevados, devido, sobretudo, ao serviço público.

Isso quer dizer, nas palavras de um técnico da Receita, que os salários pagos aos servidores são tão altos quando comparados à média dos rendimentos dos trabalhadores de outros estados, que acabam compensando o número menor de contribuintes. Pode-se dizer, que o salário médio de Brasília é pelo menos cinco vezes maior que a média nacional.

Com isso, afirma o mesmo técnico da Receita, se o governo levasse adiante a proposta de aumento das alíquotas do Imposto de Renda, os trabalhadores de Brasília seriam os principais atingidos em termos proporcionais. Boa parte dos salários pagos no serviço público está acima de R$ 20 mil, sobre os quais incidiria a alíquota de até 35%.

“A massa salarial em Brasília é muito elevada. Por isso, o volume recolhido em Imposto de Renda é tão alto, só próximo ao de São Paulo”, assinala o técnico da Receita. Pelos cálculos do Fisco, entre janeiro e junho deste ano, os trabalhadores do DF recolheram R$ 14,7 bilhões em IR, uma média de R$ 81,3 milhões por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. É muito.

No total, os trabalhadores de todo o país recolheram, nos seis primeiros meses do ano, R$ 56,2 bilhões em Imposto de Renda, uma média diária de R$ 310,6 milhões. O governo, porém, acha isso pouco. Com a proposta de elevação da alíquota do IR para até 35% a partir de 2018, a equipe econômica pretendia arrecadar mais R$ 4 bilhões para evitar um deficit maior nas contas públicas.

Diante da gritaria contrária, o presidente Michel Temer acabou recuando. Mas a equipe chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está trabalhando firme para que outros tributos subam. O rombo previsto nas contas públicas deste ano é de até R$ 139 bilhões. Para 2018, o buraco estimado é de até R$ 129 bilhões.

Brasília, 14h01min

Vicente Nunes