A alta de apenas 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, além de ser uma das taxas mais baixas do mundo repetiu o desempenho fraco de 2017. O dado confirma a mais lenta recuperação de crises da história do país e as previsões de Monica feitas no fim de 2017, de que a atividade econômica ficaria entre 1% e 1,5%. Naquela época, a maioria dos economistas apostava em uma expansão maior, em torno de 3%. Monica estava na contramão do mercado e acabou sendo bombardeada por colegas renomados. Contudo, os analistas foram cortando as estimativas mais de uma vez ao longo do ano passado, em meio à greve dos caminhoneiros de maio e ao aumento das incertezas em relação às eleições de outubro. O tempo confirmou as previsões de Monica. “Mesmo se não houvesse a greve dos caminhoneiros em maio, acredito que o PIB o crescimento teria ficado em 1,5%”, acrescentou.
Na avaliação da especialista, esse crescimento lento do país será resultado das incertezas tanto na economia quanto na política. Ela considera que o governo está queimando cartuchos antes da hora para conseguir fazer o ajuste fiscal necessário, seja com o caso das declarações antecipadas do presidente Jair Bolsonaro de que aceita na idade mínima das mulheres na reforma da Previdência antes de o Congresso montar comissões para apreciar a proposta, seja comprando a briga de haters de rede social sobre a escolha do ministro da Justiça, Sergio Moro, de uma cientista política renomada para participar do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Monica lembrou que nem todos os eleitores que votaram em Bolsonaro concordam com esse tipo de atitude de não abrir espaço para quem pensa diferente, democraticamente, mesmo tendo boa qualificação técnica, só prejudica a imagem do país lá fora, o que não é bom para um país que quer crescer e atrair investidores sérios. “Muita gente que votou em Bolsonaro votou contra o PT e não porque concorda com tudo o que ele faz ou fala, pois a base de apoio não é tão grande como ele pensa”, alertou ela, que considera inevitável a desidratação da proposta de reforma previdenciária que, para ela, “foi muito bem feita” pela equipe econômica.