Com isso, o Brasil está ficando cada vez mais pobre em meio à recessão formada pela covid-19 e pela forte desvalorização do real frente ao dólar. “O PIB per capita, pelas nossas projeções estará caindo 26,7% neste ano e sobe muito pouco no ano que vem, passando para US$ 6,615 mil, que será um incremento na casa de 3%”, adiantou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências.
De acordo com a economista, o PIB per capita estará voltando para os patamares de transição entre 2006 e 2007, quando passou de US$ 5,910 mil para US$ 7,371 mil. “Estamos vendo um retrocesso de 13 a 14 anos”, lamentou.
Na última projeção da Tendências, considerando queda de 7,3% do PIB, a previsão anterior para o PIB per capita era de queda de 8%, em termos reais. Pelos cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV), o real desvalorizou 35% nos últimos 12 meses encerrados em agosto.
Desemprego ainda crescerá muito
As novas estimativas ocorreram após a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início do mês. O tombo histórico de 9,7%, na comparação com os três meses anteriores, conformou que o país entrou oficialmente em recessão, após o recuo de 2,5% entre janeiro e março.
Conforme os dados da Tendências, o país não vai conseguir registrar uma retomada mais rápida, pois o desemprego deverá crescer bastante no ano que vem, passando de 13,9%, no fim deste ano, para 15,7%, no próximo. A consultoria, inclusive, reduziu de 3,4% para 2,9% a estimativa de avanço do PIB em 2021.
Alessandra lembrou que dinâmica do mercado do trabalho vai mostrar muitas pessoas perdendo emprego e renda. Pelas estimativas da consultoria, 3,8 milhões de domicílios devem entrar nas classes D e E no ano que vem.
Neste ano, considerando o efeito dos auxílios do governo, a massa de renda habitual do trabalho vai crescer 4,5%, este ano por conta do aumento do para evitar o impacto da recessão do governo à população mais vulnerável deverá encolher 2,6% em 2021 devido ao fim do auxílio emergencial.
Esse é um dos motivos para a nossa revisão do PIB para baixo para 2,9%. “No ano que vem vai ser o reverso da medalha, mesmo considerando uma ampliação do Bolsa Família para 17,5 milhões de famílias e um benefício de R$ 300”, explicou.