Temer tenta conter estrago de pressão para BC baixar juros

Publicado em Economia

NAIRA TRINDADE

 

O filme que se via constantemente no governo de Dilma Rousseff já está se repetindo, com força, na administração do presidente interino, Michel Temer. O peemedebista foi obrigado a soltar um comunicado público hoje para reafirmar que o Banco Central, que está reunido para definir os rumos da taxa básica de juros (Selic), tem total autonomia para conduzir a política monetária a fim de combater a inflação.

 

“O Banco Central tem plena autonomia para definir a taxa de juros. A política monetária tem como prioridade combater a inflação, este é o objetivo central do meu governo”, afirmou Temer, por meio da Secretaria de Imprensa da Presidência.

 

As declarações do interino tiveram como objetivo reduzir o impacto negativo das manifestações do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ele disse que Temer “vê com bons olhos” uma eventual redução da taxa de juros. “Se analisarmos todos os indicadores, vamos ver que os economistas do Brasil estão dizendo que, forçosamente, teremos queda nos juros. Isso agrada o presidente, e ele vê com bons olhos se nós pudermos (reduzir a taxa Selic). Mas temos que respeitar a autonomia do BC”, disse Padilha, após uma reunião no Palácio do Planalto.

 

Padilha, no entanto, só reforçou o que Temer vem dizendo há tempos. Na semana passada, por diversas vezes, o presidente interino afirmou que pediria à equipe econômica para reduzir os juros. A medida atingiria o Banco Central e os bancos públicos. mais precisamente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. As declarações repercutiram mal entre os diretores comandados por Ilan Goldfajn, mas a autoridade monetária preferiu não se manifestar para não alimentar a polêmica.

Na visão dos investidores, é terrível que o governo, que prometeu dar autonomia em lei ao BC, inclusive com mandatos fixos para os diretores, retome um dos piores vícios da administração de Dilma: tentar interferir na política monetária. A petista destruiu a credibilidade do banco, que, acreditava-se, seria reconstruída com o governo Temer e a nomeação de Ilan para o comando da instituição. Esse velho filme, certamente, fará muito mal ao país.

 

Brasília, 15h30min