O problema foi que Temer decidiu incorporar políticos no debate, sobretudo do Centrão, um partido totalmente fisiológico. A partir daí, o que era um assunto extremamente técnico virou político. E, sem a menor noção sobre a realidade do país e de olho em mais verbas, os chamados aliados passaram a propor um rombo maior, de até R$ 170 bilhões. Virou bagunça.
Já na primeira reunião que participaram, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, passaram a dizer que o Congresso não aprovaria aumento de impostos, que era melhor o governo definir metas mais realistas para acomodar a frustração de receitas. Com a equipe econômica recolhida, os políticos, incluindo o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), líder do governo na Câmara, e o presidente do PMDB, senador Romero Jucá, passaram a dar o tom do debate.
Temer praticamente entregou os pontos. Temeroso em relação à próxima denúncia contra ele que virá da Procuradoria-Geral da República, aceitou, antecipadamente, a fatura preparada, principalmente pelo Centrão, a fim de garantir o mandato. Quanto maior for o deficit fiscal, mais fácil ficará para acomodar as demandas da base aliada, que está cada vez menor e mais cara. Somente em emendas parlamentares, a garantia do mandato de Temer custou mais de R$ 6 bilhões.
Como diz um indignado técnico da equipe econômica, “esse é o custo Temer”. Ele ressalta que tudo estava certo para a mudança das metas fiscais e a divulgação de medidas para reduzir os gastos com servidores públicos. Assim como o anúncio não foi feito na sexta-feira passada, 12, nem nesta segunda, 14, pode não sair na terça (15). Não se Temer ficar pendurado demais nos políticos que não têm o menor compromisso com o país.