Com isso, o endividamento de aposentados e pensionistas do INSS no consignado voltou a bater recorde: R$ 140,3 bilhões. Muito do crescimento das dívidas decorreu das facilidades que os bancos oferecem a esse público e da pressão que muitos familiares exercem sobre os idosos. Outra notícia preocupante: os juros cobrados nessa modalidade de crédito subiram para 23,3% ao ano, o nível mais elevado desde agosto de 2019.
Segundo diretor de um banco atuante no consignado, apesar de os números terem sido contabilizados pelo Banco Central em janeiro, boa parte do endividamento foi feita em dezembro, para as festas de fim de ano. Nesse período, são os familiares que mais estimulam os idosos a se endividarem.
Pelos cálculos do Banco Central, o saldo do consignado cresceu 1,2% de dezembro para janeiro e 10,2% em 12 meses. “Ainda há muito espaço para o crédito consignado avançar, pois houve uma corrida por aposentadorias nos últimos meses por causa da reforma”, afirma o mesmo executivo.
Por lei, os bancos só podem oferecer empréstimos aos novos aposentados e pensionistas depois de seis meses da concessão dos benefícios pelo INSS. Isso foi uma forma que o governo encontrou para diminuir o assédio das instituições sobre os segurados, muitos deles superendividados.
Cheque especial
Outro dado que chama a atenção, segundo BC, é o aumento da procura por cheque especial. Em janeiro, o saldo devedor nessa linha de crédito cresceu 6,4%, para R$ 25,7 bilhões. Esse salto mostra que muita gente gastou além da conta no fim de ano e teve que ficar dependurado no especial, que cobra juros elevadíssimos.
A taxa média do cheque especial, segundo o BC, caiu para 165,6% ao ano. Mas é bom ressaltar: isso só aconteceu por causa da entrada em vigor da lei que limitou os juros nessa modalidade de crédito em 8% ao mês. É importante ressaltar ainda que as taxa mais baixas valem apenas para os novos correntistas. Para os clientes antigos, a limitação dos juros só valerá a partir de junho.
Brasília, 15h29min