Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que as perdas do setor de turismo somam R$ 341 bilhões, desde o início da pandemia até abril deste ano. Os dados da entidade cruzam informações das pesquisas conjunturais do IBGE, além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos dezesseis principais aeroportos do país.
Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, apresentaram perdas de R$ 137,7 bilhões e R$ 41,7 bilhões, respectivamente, concentrando 52,5% do prejuízo nacional. De acordo com Fabio Bentes, economista sênior da CNC, os serviços turísticos operam, em média, com 61,4% do seu potencial mensal de geração de receita, abaixo do patamar de 63,8% de dezembro de 2020, devido aos impactos da pandemia que já matou mais de 425 mil brasileiros.
“Enquanto a indústria e o comércio começaram a apresentar uma recuperação ao patamar pré-pandemia no início do ano, o setor de serviços continua mostrado que vai demorar para se recuperar, e, nesse sentido, o segmento de turismo é o que mais tem sofrido com a pandemia, porque ela está afetando mais a capacidade de consumo da população”, alertou Bentes. Para ele, a retomada do setor de serviços ainda é incerta porque vai depender de um processo de vacinação mais acelerado, mas há incertezas sobre a quantidade de vacinas disponíveis e o risco de interrupções em vários estados, que podem prejudicar todo o processo.
Na avaliação de a flexibilização das medidas restritivas a partir de abril tende a reduzir as perdas mensais do setor, contudo, o cenário ainda se mostra complexo no médio prazo. “O avanço lento e as interrupções na aplicação da vacinação em diversas regiões do país apontam um ritmo lento de recuperação das atividades terciárias neste ano, com um quadro mais favorável somente a partir do segundo semestre”, afirmou. Mesmo com a perspectiva de avanços anuais significativos em abril e maio, por conta do efeito estatístico, a CNC revisou de 18,8% para 18,2% a taxa de crescimento do volume de receitas do turismo em 2021.
De acordo com Bentes, a queda de 4% no volume das receitas do setor de serviços em março colaboram para que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2021 fique negativo, apesar de revisões otimistas do mercado olhando para o crescimento de 4,5% na comparação com março de 2020.
O economista reconheceu ainda que é preciso tomar cuidado com as comparações anuais, porque a base de dados de março de 2020 foi muito baixa e a pandemia ainda não arrefeceu, pois o volume de casos é crescente, assim como o de mortes, e, como a vacinação é incerta, a tendência de abre e fecha do comércio e de serviços é grande nos próximos meses. “O consumo tem um peso grande no PIB, de dois terços, e o que estamos vendo é uma retração no consumo, que tem afetado, principalmente, os serviços prestados às famílias, que tiveram queda expressiva em março, de 27%”, alertou Bentes, em entrevista ao Blog.
Não à toa, pelas projeções de Bentes, o resultado do PIB do primeiro trimestre deverá apresentar queda de 0,3% em relação ao quarto trimestre de 2020. “Isso é algo bastante provável diante da safra atual de dados do IBGE”, afirmou.