Setor de serviços registra, em setembro, segunda queda seguida

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ROSANA HESSEL

O setor de serviços, que tem o maior peso no Produto Interno Bruto (PIB) do país e o que mais emprega, registrou desempenho negativo em setembro, segundo mês consecutivo, confirmando a expectativa de queda no PIB do terceiro trimestre.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de serviços registrou queda de 0,3% em setembro em relação a agosto, quando o indicador da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) apresentou desempenho negativo de 1,3% — queda revisada, pois a primeira mediação havia sido de -0,9%.

O setor de serviços se encontra 10,8% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 2,6% abaixo de dezembro de 2022 (ponto mais alto da série histórica).

Frente a setembro de 2022, na série sem ajuste sazonal, o volume de serviços recuou 1,2%, interrompendo uma sequência de 30 taxas positivas, de acordo com o IBGE. No acumulado no ano, avançou 3,4% frente a igual período de 2022. E, em 12 meses até setembro, desacelerou de uma alta de 5,3%, em agosto, para 4,4%, em setembro.

Dos cinco grandes grupos de atividades pesquisadas, dois registraram alta: serviços prestados às famílias e outros serviços prestados às famílias. Curiosamente esses dois grupos ainda não recuperaram o patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

Os demais grupos, informação e comunicação; transportes, armazenagem e correio; e serviços profissionais administrativos e complementares, registram quedas de 0,7%, 0,2%, e 1,1%, respectivamente.

“O resultado traz os valores fechados do terceiro trimestre e os dados sugerem que devemos ter queda no PIB após um primeiro semestre bastante positivo”, alertou o economista e consultor André Perfeito, ex-economista-chefe da Necton Investimentos.  “Seja como for os dados da PMS divulgados hoje apontam perda de fôlego na margem de atividade e deve gerar desconforto no mercado e, principalmente, no Palácio do Planalto”, acrescentou.

Na avaliação dele, a eventual queda do PIB em um ambiente de inflação “sob relativo controle” e com perspectiva de cortes adicionais nos preços da gasolina, sugerem uma taxa básica de juros (Selic) no ano que vem, mas ele manteve em 10,75% projeção para a Selic, atualmente em 12,25% ao ano, no fim de 2024.

Perfeito disse que mantém a previsão para os juros, apesar de os dados fracos de atividade reforçarem a perspectiva de Selic mais baixa, “porque os dados de inflação estão vindo muito bons e se é verdade que o desemprego está caindo está implícito que haverá alta de salários e com isso maior pressão em serviços”.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, lembrou que, com a revisão da queda de agosto de 0,9% para 1,3% e o novo recuo em setembro, o dado da PMS foi bastante decepcionante, pois também foi registrado o primeiro dado negativo interanual desde março de 2021. Ele destacou que houve um salto de 3% nos serviços prestados às famílias, com a difusão recuando para 47,6%, mínima desde abril de 2021.

“O volume de serviços fechou o terceiro trimestre com expansão de 0,1%, mas a dinâmica dos últimos meses e a performance dos indicadores antecedentes, principalmente a confiança dos empresários do setor, sugerem que a perda de ímpeto deve continuar nos próximos meses, reforçando nossa previsão de estagnação do PIB no terceiro trimestre e de uma recessão leve no quatro trimestre do ano”, alertou.

A equipe de economistas da XP Investimentos também reforçou a previsão de queda do PIB no terceiro trimestre após os dados da PMS corroborarem quejm as estimativas mais fracas do PIB. Conforme dados da instituição, como a maioria das atividades de serviços perdeu tração nos últimos meses, o PIB de serviços deverá crescer 0,3% no terceiro trimestre deste ano e 0,1% no seguinte, desacelerando em relação ao crescimento médio trimestral dos dois primeiros trimestres de 2023. A entidade prevê queda de 0,3% no PIB do terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores e, para o ano, a expectativa é de avanço de 2,8% no PIB.

Vicente Nunes