Setor de serviços registra queda de 4% no mês de março, segundo IBGE

Compartilhe

ROSANA HESSEL

O setor de serviços encolheu 4% no mês de março, em comparação a fevereiro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (12/05), na série com ajuste sazonal. A queda foi maior do que a prevista pela mediana do mercado, de 3,15%.

No acumulado do ano, o recuo do segmento que mais emprega no país e que representa cerca de 70% da formação de riqueza do Produto Interno Bruto (PIB), foi de 0,8% frente a igual período de 2020. Foi a quinta queda consecutiva nas comparações trimestrais, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE. A taxa acumulada nos últimos 12 meses, apresentou queda de 8%.

De acordo com os dados do IBGE, o setor de serviços ainda não conseguiu recuperar o patamar pré-crise e está 13,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado de novembro de 2014, mostrando que a recuperação da economia será lenta e gradual frente às incertezas em relação ao processo de vacinação da população, que está com o cronograma atrasado.

Conforme dados da PMS, 14 das 27 unidades federativas apresentaram queda no volume de serviços no mês de março, na comparação com fevereiro. Distrito Federal e Piauí, com que quedas de 6,1% e 5,6% foram os únicos a registrarem um recuo superior a média global. Mato Grosso do Sul, com crescimento de 11,8% foi o destaque no lado positivo.

Um recorte dos dados do órgão mostra queda de 22% no setor de turismo em março, na comparação com fevereiro, após ganho de 127,2% entre maio de 2020 e fevereiro de 2021. Foi o maior resultado negativo desde abril de 2020, quando o recuo foi de 54,5%.  Para o segmento retomar o patamar pré-pandemia, segundo o IBGE, será preciso crescer 78,7%.

O desempenho negativo ocorreu nos 12 locais pesquisados pela PMC, com destaque para São Paulo (-21,5%), Rio de Janeiro (-17,2%) e Paraná (-26,5%) e Santa Catarina (-26,2%).

Serviços às famílias lideram perdas

A queda de 4,0% do volume de serviços em março foi puxado por três das cinco atividades pesquisadas, com destaque para os serviços prestados às famílias, que apresentaram tombo de 27% na comparação com fevereiro, a maior queda desde abril de 2020, de 45,6%. As áreas de hotelaria e restaurantes impulsionaram esse resultado negativo, pois desabaram 28% nesse período devido, principalmente, ao recrudescimento das regras de distanciamento social pelos governos estaduais devido ao agravamento da pandemia da covid-19 no país.

Também apresentaram desempenho negativo em março os setores de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio e de profissionais, administrativos e complementares, com quedas de 1,9% e 1,4%, respectivamente.

Os únicos avanços do mês ficaram com os segmentos de informação e comunicação (com alta de 1,9%) e de outros serviços (elevação de 3,7%). Ambos alcançaram a segunda taxa positiva seguida em março, obtendo ganhos acumulados de 2% e 7,1%, respectivamente, conforme os dados do IBGE.

A média móvel trimestral apesentou avanço de 0,3% no trimestre encerrado em março de 2021, na comparação com os três meses encerrados em fevereiro, “mantendo a trajetória ascendente iniciada em julho de 2020”.

Na comparação anual, o volume de serviços avançou 4,5% em março de 2021, interrompendo doze taxas negativas seguidas. O dado positivo ficou acima das estimativas do mercado, mas justificado por um efeito mais contábil devido à base ser menor no ano passado Conforme os dados do IBGE, o resultado trouxe expansão em quatro das cinco atividades e a 45,2% dos 166 tipos de serviços investigados.

As principais contribuições positivas ficaram com os segmentos de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, com alta de 8,8% e de serviços de informação e comunicação, com elevação de 6,2%.

Com menores impactos no índice geral, os setores de outros serviços (7,3%) e dos profissionais, administrativos e complementares (0,7%) apresentaram incrementos de receita.

Em contrapartida, a única influência negativa de março ficou com os serviços prestados às famílias, com queda de 17,1% na comparação anual, pressionados, sobretudo, pela queda nas receitas das empresas que atuam nos ramos de restaurantes; hotéis; serviços de bufê; e atividades de condicionamento físico.

Vicente Nunes