Setor de bares e restaurantes propõe ao governo socorro maior

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ISRAEL MEDEIROS

O governo pretende recorrer a mecanismo utilizados em outros países para socorrer o setor de bares e restaurantes, um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, com fechamento de mais de 1 milhão de postos de trabalho.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, ele sugeriu, na tarde desta terça (05/05), ao secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, que o governo estude medidas adotadas fora do país de ajuda ao setor. Solmucci disse que Bianco ficou de avaliar.

No fim de abril, a Alemanha apresentou um plano econômico de 10 bilhões de euros para pagar benefícios adicionais a desempregados e anunciou cortes de impostos para empresas. O plano contempla redução no Imposto de Valor Agregado (VAT) no setor de gastronomia de 19% para 7% por um ano, a partir do dia 1º de julho. O socorro prevê ainda que os trabalhadores forçados a ficar em casa por causa da quarentena recebam entre 70% e 77% do salário líquido a partir do quarto mês de desemprego. Do sétimo mês em diante, a parcela variará entre 80% e 87%.

“Países como a Alemanha estão promovendo um apoio ao setor. O secretário disse que está estudando isso. A ajuda pode vir em forma de recomposição de parte dos salários, de criação de empregos ou de outra forma. Isso está sendo levantado. Esse tipo de medida é muito importante porque o setor de bares e restaurantes gera muitos empregos e tem uma cadeia de pequenos fornecedores, que pode entrar em colapso”, disse Solmucci.

Desemprego

Estima-se que o número de demissões no setor já tenha passado de 1 milhão. A projeção era de que esse número fosse atingido apenas no fim de maio. Porém, com o prolongamento das regras de isolamento, o presidente da Abrasel acredita que a marca já tenha sido atingida. Segundo ele, isso representa um terço de todos os profissionais formais. Ele explicou que, mesmo que a reabertura ocorra, o retorno às atividades será lento. “Não abriremos como antes. Talvez 30% do que se faturava”, afirmou.

Solmucci destacou que a MP 936, que prevê corte de salários e de jornadas e suspensão de contratos, foi positiva para o setor, que, atualmente, emprega cerca de 6 milhões de pessoas. “A MP funcionou muito bem, salvou 2 milhões de empregos. Com a parte bancada pelo governo, o valor dos salários ficou muito próximo ao que as pessoas recebiam antes. Em conversa com o secretário, estava elogiando o sucesso da implantação. Fizeram a MP do jeito que nós pedimos”, pontuou.

O presidente da Abrasel revelou também que, na conversa com Bianco, sugeriu ainda ajuda aos pequenos empresários, que podem ser contemplados no PL 873/20, que propõe modificações nas regras do Auxílio Emergencial e aguarda sanção presidencial. “Destacamos a ajuda ao pequeno empresário. Houve apoio ao autônomo, ao microempreendedor individual (MEI). Sugerimos a ajuda também ao pequeno empresário. Ele afirmou que está vendo essa possibilidade. Pode ser contemplado no PL 873”, revelou.

O empresário disse também que a Abrasel pretende sugerir ao deputado federal Orlando Silva (PCdoB) uma extensão do prazo de redução de jornadas e salários previsto pela MP 936, hoje de três meses. O parlamentar foi escolhido, na última segunda-feira (04/05), para ser o relator do texto. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a medida deve ser votada nesta semana.

Brasília, 18h58min

Vicente Nunes