ROSANA HESSEL
O setor de serviços apresentou crescimento de 1,2% em maio, dado levemente abaixo da alta de 1,3% de abril, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgados nesta terça-feira (13/7) com base na série com ajuste sazonal e com os dados de abril revisados para cima em 0,6 ponto percentual.
Esse foi o segundo resultado positivo seguido da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, fazendo o indicador acumular alta de 2,5%. O resultado, no entanto, é insuficiente para reverter a perda de 3,4% observada no mês de março, quando houve maior número de restrição aos estabelecimentos não essenciais devido à restrição da circulação de pessoas por conta do forte avanço da segunda onda da covid-19 no país no terceiro mês de 2021.
Os dados do IBGE mostram ainda recuperação do setor de serviços ao patamar de fevereiro de 2020, ficando 0,2% acima do nível pré-pandemia, refletindo melhora na atividade devido ao avanço da vacinação, principalmente. O instituto destacou, contudo, que o segmento de serviços ainda se encontra 11,3% abaixo do recorde histórico de novembro de 2014 e, se comparado com o patamar de dezembro de 2019, o indicador de maio ainda está 9,2% abaixo.
A PMS de maio ainda apresentam um desempenho bastante desigual, porque três das cinco atividades investigadas pelo IBGE, tiveram crescimento em maio. Entre os destaques ficaram os segmentos de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio com alta de 3,7% e o de serviços prestados às famílias, com alta de 17,9%. Com menor impacto no índice geral, vieram os serviços profissionais, administrativos e complementares, com alta de 1%), eliminando quase toda a perda do período março-abril, de 1,3%. Em contrapartida, informação e comunicação (-1,0%) e os outros serviços (-0,2%) apontaram os resultados negativos deste mês.
No ano, o setor de serviços acumula alta de 7,3%, com quatro dos cinco atividades pesquisadas registrando crescimento. O mais relevante em termos de geração em emprego, o setor de serviços prestados às famílias, continua no campo negativo. Em 12 meses encerrados em maio, a taxa do volume de serviços apresentou queda de 2,2%.
Na comparação interanual, o volume de serviços apresentou um crescimento de 23% em maio, terceira taxa positiva e a mais elevada da série histórica do IBGE, iniciada em 2012, avanço em todas as atividades pesquisadas, segundo os dados do IBGE. Contudo, é bom lembrar que, em maio de 2020, a base de comparação é muito baixa porque o segmento apresentou queda de 19,3%.
De acordo com o economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, o dado da PMS foi positivo e ajudou a antecipar o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre com viés positivo. “O volume de serviços cresceu 1,2% em maio, acima das expectativas, com a ressalva que a taxa de abril foi revisada para cima em 0,6 ponto percentual, para 1,3%. Sinal positivo para o crescimento do segundo trimestre, pois o peso do setor de serviços estaria em torno de 72% a 74% do PIB. Isso deve corroborar a expectativa de alta gradual da inflação dos serviços e dos juros futuros”, destacou Velho, que está revisando as projeções do PIB do segundo trimestre para um “viés positivo”.
André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, também avaliou os dados da PMS como positivos, porque indicam a reabertura, em parte, das atividades do segmento. “Com este resultado muito provavelmente deveremos ter dados positivos amanhã no IBC-Br (Indicador de Atividade Econômica do Banco Central) e reforçar a perspectiva de melhora, mesmo que sob bases ainda baixas, da economia local”, afirmou. Segundo ele, se forem confirmados dados positivos no IBC-Br, provavelmente, a equipe chefiada por ele na corretora deverá elevar a projeção da taxa básica de juros (Selic) para o fim do ano, de 6,5% para 7% anuais.
“O aumento da atividade de serviços em abril e maio reflete o impacto do aumento da mobilidade desencadeado pela ligeira melhoria do cenário e pelo aumento das transferências orçamentais”, destacou Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.
Ramos destacou como pontos positivos de um desempenho melhor do setor o crescimento de 76,8% nos serviços prestados às famílias no comparativo anual em maio de 2020, com alimentação e hospitalidade apresentando expansão de 87,6% no comparativo anual. As viagens aéreas também tiveram aumento expressivo, de 217% na mesma base de comparação, em uma sinalização de retoma do setor em relação aos patamares pré-pandemia. “Esperamos que algumas atividades de serviços ainda impactadas pela covid-19, em particular, os serviços para as famílias, se recuperem ainda mais nos próximos meses, em conjunto com o progresso no programa de vacinação da covid-19, da reabertura da economia e do estímulo fiscal renovado”, acrescentou ele, destacando a renovação por mais três meses do auxílio emergencial aos mais vulneráveis.