Senado recusa indicado de Ernesto Araújo para cargo em Genebra

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ROSANA HESSEL

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sofreu uma derrota histórica no Senado Federal, nesta terça-feira (15/12). O nome do embaixador Fabio Mendes Marzano, ministro de primeira classe indicado pelo chefe do Itamaraty para assumir a delegação permanente do Brasil em Genebra, na Suíça, foi rejeitado pelos senadores por 37 votos contra e 9 senadores a favor. Houve uma abstenção.

Fontes do MRE ficaram chocadas com o placar e reconheceram que nunca viram um placar tão “acachapante”. Para elas, essa derrota foi uma bofetada em Araújo. Ele indicou o embaixador, de quem é muito amigo, para o presidente Jair Bolsonaro enviar o nome aos senadores.

Recentemente, Araújo não achou ruim o Brasil ser visto como pária pela comunidade internacional, devido aos retrocessos visíveis na diplomacia e na agenda ambiental. Outro tropeço de Araújo e Bolsonaro ocorreu hoje, quando 38 dias depois da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o Brasil finalmente reconheceu o democrata como o novo ocupante da Casa Branca a partir de 20 de janeiro de 2021.

A última vez que um embaixador teve o nome recusado pelo Senado ocorreu em 2015, quando Guilherme Patriota, irmão ex-ministro do MRE Antonio Patriota, foi rejeitado por 38 a 37 votos para ocupar a representação do Brasil na Organização de Estados Americanos (OEA). Naquela época, a reprovação de um embaixador foi um sinal do enfraquecimento da ex-presidente Dilma Rousseff no Congresso.

Formado em engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Marzano entrou na carreira diplomática, em 1989.  Atualmente, ele exerce a função de secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do MRE.  Além de amigo de Araújo, o diplomata é um grande admirador do guru da família Bolsonaro e do chefe do Itamaraty, o escritor Olavo de Carvalho, segundo as fontes da chancelaria.

Vicente Nunes