SEM REFORMAS, GOVERNO PODE DAR CALOTE, DIZ MARCOS LISBOA

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Um dos convidados do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para debater o atual momento econômico, o presidente da escola de negócios Insper, Marcos Lisboa, alertou ontem para os riscos de o governo recorrer a inovações na área fiscal, como a adoção de um sistema de bandas para a meta de superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida), medida que viria acompanhada de um limite para o aumento de gastos. “Não é o momento de originalidade”, disse.

 

Segundo ele, de nada adiantarão as inovações se o governo não fizer uma ampla reforma estrutural, a mais urgente delas, a da Previdência Social. “No Brasil, as pessoas se aposentam com 55 anos, em média. Na maior parte do mundo, a idade mínima é de 65 anos”, assinalou. “Estamos diante de um modelo insustentável devido ao rápido envelhecimento da população”, acrescentou.

 

Na avaliação de Lisboa, sem as reformas, os gastos continuarão crescendo, independentemente de limites, e a possibilidade de o governo deixar de honrar seus compromissos se tornará real. “Podemos chegar a uma situação em que salários de servidores deixarão de ser pagos, assim com aposentadorias e pensões”, alertou. Essa realidade de calote já prevalece em vários estados, que são, hoje, o retrato mais fiel da falta de transparência nas contas públicas.

 

Para Lisboa, a crise na qual o Brasil mergulhou é grave e este ano poderá ser pior que 2015. Nas contas do economista, em apenas três anos — 2014 a 2016 —, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (a riqueza dividida pela população) registrará queda entre 8% e 10%. “A crise é aguda. O setor real da economia foi atingindo em cheio. A desorganização da produção, por causa da intervenção governamental, é preocupante”, destacou.

 

O presidente do Insper enfatizou ainda que o desemprego se disseminou, e, agora, está vitimando os chefes de família. “Num primeiro momento, as demissões se concentraram entre os jovens e as mulheres. Mas se espalhou”, disse. “Portanto, é urgente que o governo desmonte as distorções que impôs à economia”, recomendou.

 

Brasília, 13h13min